quinta-feira, 14 de abril de 2011

Livro que estou lendo: HEREGES - G. K. CHESTERTON


Pax et Ignis!

Segue apenas um trecho do livro que estou lendo no momento: Hereges de G. K. Chesteron que foi traduzido por Antônio Emílio Angueth de Araújo e Márcia Xavier de Brito. Vale a pena adquirir.

Por essas razões, e por muitas outras, por exemplo, comecei a acreditar na volta aos fundamentos. Tal é a idéia deste livro. Quero tratar com os mais distintos contemporâneos, não pessoalmente ou de uma maneira meramente literária, mas em relação ao verdadeiro corpo doutrinário, que ensinam. Não estou preocupado com o Sr Rudyard Kipling como um artista vivido ou uma personalidade vigorosa. Ocupo-me dele como um herege – isto é, um homem cuja visão das coisas tem a audácia de diferir da minha. Não me interesso pelo Sr Bernard Shaw como um dos homens vivos mais brilhantes e mais honestos; estou interessado nele como um herege – isto é, um homem cuja filosofia é muito sólida, muito coerente e muito errada. Retrocedo aos métodos doutrinários do século XIII, na esperança de conseguir obter algum resultado.

Suponhamos que surja em uma rua grande comoção a respeito de alguma coisa, digamos, um poste de iluminação a gás, que muitas pessoas influentes desejam derrubar. Um monge de batina cinza, que é o espírito da Idade Média, começa a fazer algumas considerações sobre o assunto, dizendo à maneira árida da Escolástica: “Consideremos primeiro, meus irmãos, o valor da luz. Se a luz for em si mesma boa...”. Nesta altura, o monge é, compreensivelmente, derrubado. Todo mundo corre para o poste e o põe abaixo em dez minutos, cumprimentando-se mutuamente pela praticidade nada medieval. Mas, com o passar do tempo, as coisas não funcionam tão facilmente. Alguns derrubaram o poste porque queriam a luz elétrica; outros porque queriam o ferro do poste; alguns mais, porque queriam a escuridão pois seus objetivos eram maus. Alguns se interessavam pouco pelo poste, outros, muito; alguns agiram porque queriam destruir os equipamentos municipais; outros porque queriam destruir alguma coisa. E há uma guerra noturna que ninguém sabe a quem atinge. Então, aos poucos e inevitavelmente hoje, amanhã, ou depois de amanhã, voltam a perceber que o monge, afinal estava certo, e que tudo depende de qual é a filosofia da luz. Mas o que poderíamos ter discutido sob a lâmpada a gás, agora devemos discutir no escuro.

Hereges - G. K. Chesterton / Cap. 1 – Pág. 35, 36.

2 comentários:

  1. Salve Maria Mãe de Meu Senhor!

    A Paz caro amigo.

    É primeira vez que leio seu blog, por sinal parece ser muito bom.

    O que você poderia me dizer sobre os escritos de Chesterton, são inviáveis para não iniciantes em filosofia? É possível tirar bom proveito deste livro mesmo sendo um tanto leigo nessa area?

    Pax.

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  2. Salve Maria!

    Paz e fogo Pedro.
    Obrigado por acessar este humilde apostolado em defesa da Santa Igreja de Cristo.

    Quanto aos escritos de Chesterton não são fáceis mesmo. Mas vale a pena ler! Mesmo não tendo formação acadêmica da pra tirar muito proveito dos escritos deste grande homem.
    Eu indico!

    Deus benedicat te et custodiat te!

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