quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Necessidade do Santo Sacrifício da Missa - São Leonardo de Porto Maurício


[Salve Maria! No dia 26 de abril de 1500 era celebrado pela primeira vez em nosso país o Santo Sacrifício da Missa. Segue um texto "intrigante" de São Leonardo de Porto Maurício sobre a necessidade da Santa Missa. Nunca esta terra de Santa Cruz necessitou tanto das graças – de nossa Redenção – que nos são oferecidas no altar como nos dias de hoje. Vale a pena ler e meditar. Boa leitura!]


NECESSIDADE DO SANTO SACRIFÍCIO

Se não houvesse o Sol, que seria da Terra? Oh! Tudo seria trevas, horror, esterilidade e desolação.

E se o Mundo não tivesse a Santa Missa, que seria de nós? Infelizes! Ficaríamos privados de todos os bens sobrecarregados de todos os males. Estaríamos expostos a todos os raios da cólera de DEUS.

Alguns há que se admiram, e acham que, de certo modo DEUS mudou a sua maneira de governar. Antigamente Ele se nomeava de DEUS dos exércitos, e falava ao povo do meio das nuvens, manejando o trovão; e de fato, era com todo o rigor da justiça que castigava os pecados. Por um único adultério, mandou passar a fio de espada vinte e cinco mil homens da tribo de Benjamim. (Juiz 20,46).

Por um leve pecado de orgulho de Davi em computar o povo, enviou Ele uma peste tão terrível que, em poucas horas pereceram setenta mil pessoas (II Sam. 24,15).
Por um só olhar curioso e desrespeitoso dos betsamitas, fez que cinqüenta mil deles perecessem. (I Sam. 6, 19).

E agora suporta, com paciência, não só vaidades e irreverências, mas adultérios, os mais vergonhosos, escândalos gravíssimos, e tantas blasfêmias horríveis que muitos cristãos vomitam contra Seu Nome Santíssimo.

Porque assim acontece? Por que tão grande mudança de conduta? Serão as ingratidões dos homens mais escusáveis hoje do que outrora? Bem ao contrário, são muito mais culpáveis, já que os imensos benefícios de DEUS se multiplicam cada dia.

A verdadeira razão desta clemência espantosa é a Santa Missa, pela qual esta grande Vítima, que se chama JESUS, se oferece ao Eterno PAI. Eis aí o sol da santa Igreja que dissipa as nuvens e torna sereno o céu.

Eis aí o arco-íris que detém os raios da Divina Justiça. Creio para mim que, não fosse a Santa Missa, o Mundo estaria já no abismo, incapaz de suportar o imenso fardo de suas iniqüidades.

A Santa Missa é o poderoso sustentáculo que lhe permite subsistir.

Concluí, de tudo isto, quanto este divino Sacrifício é necessário; assim então, sabei aproveitá-lo o máximo que for possível.

Para isto, quando participamos da Santa Missa, devemos imitar Afonso de Albuquerque. Achando-se, com sua frota, em perigo de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração: tomou nos braços uma criança que viajava em sua nau, e, elevando-a ao alto, exclamou: “Se todos somos pecadores, esta criaturinha é certamente sem mácula, Ah! Senhor por amor deste inocente compadecei-vos dos culpados!” Acreditareis? A vista dessa criança inocente agradou tanto a DEUS, que Ele acalmou o mar e devolveu a alegria àqueles infelizes, gelados já pelo terror da morte certa.

Ora, qual pensais seja a atitude do Eterno Pai, quando o sacerdote, levantando a Santa Hóstia, lhe apresenta o Divino FILHO? Ah! seu amor não pode resistir à vista do inocente JESUS; Ele se sente forçado a acalmar nossas tormentas, e acudir a todas as nossas necessidades. Sem esta santa vítima, portanto, sem JESUS sacrificado por nós, primeiro sobre a Cruz, e todos os dias sobre nossos altares, estaríamos perdidos, e poderia cada um dizer a seu companheiro: “Até à vista no inferno! Sim, sim, no inferno, no inferno! Até à vista no inferno!”

Mas, com este tesouro da Santa Missa a nosso alcance, nossa esperança renasce; e se não opusermos obstáculos, teremos assegurado o Paraíso.

Deveríamos, portanto, beijar nossos altares, perfumá-los de incenso, e sobretudo honrá-los com nosso máximo respeito, pois que deles nos vêem tantos bens. Juntai as mãos e agradecei a DEUS PAI que nos deu o mandamento tão doce de oferecer-Lhe muitas vezes a Vítima celeste. Agradecei-Lhe, sobretudo, pelo imenso proveito que dela recebeis, se sois fiel não somente em oferecê-la, mas de fazê-lo para os fins a que nos foi concedido este dom tão precioso.

Extraído da obra: O Tesouro Oculto - As Excelências da Santa Missa de São Leonardo de Porto Maurício

quinta-feira, 19 de abril de 2012

#7BXVI - Parabéns Papa Bento XVI pelos 7 anos de um corajoso pontificado. Vida longa ao Papa!!!



Ordenação Sacerdotal Joseph Ratzinger - Papa Bento XVI



Habemus Papam - Eleição


Biografia do Papa Bento XVI

O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições económicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.

Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido «mozarteano», que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.

O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.

Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.

Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi arrolado nos serviços auxiliares anti-aéreos.

Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1951.

Um ano depois, começou a sua actividade de professor na Escola Superior de Freising.

No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho». Passados quatro anos, sob a direcção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre «A teologia da história em São Boaventura».

Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.

De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como «perito»; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colónia.

A sua intensa actividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: «Colaborador da verdade»; assim o explicou ele mesmo: «Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo actual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade».

Paulo VI criou-o Cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de Junho desse mesmo ano.

Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de Setembro. No mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.

Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema «Missão da família cristã no mundo contemporâneo», e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre «A reconciliação e a penitência na missão da Igreja».

João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981. No dia 15 de Fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de Abril de 1993.

Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.

A 6 de Novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de Novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.

Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de Janeiro.

Desde 13 de Novembro de 2000, era Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.

Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, «Ecclesia Dei», para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão do Código de Direito Canónico Oriental.

Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.

Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema «Por que continuo ainda na Igreja?»; com a sua habitual clareza, afirmou então: «Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja».

No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista «Informe sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.

Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa»: pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polónia) no ano 2000.



terça-feira, 17 de abril de 2012

"INCULTURAÇÃO" NO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA: PALHAÇOS ANIMANDO E A MÁGICA DA BÍBLIA DENTRO DO CÔCO


Salve Maria!

Primeiro vídeo: Palhaços animando a Santa Missa!

A tentativa de fazer do altar do sacrifício um picadeiro com a camuflagem de inculturação é o assunto tratado pelo Reverendíssimo Pe. Paulo Ricardo neste primeiro vídeo.

Um catequista lhe faz a seguinte pergunta: Meu pároco pediu aos catequistas para se vestirem de palhaços para animar a Santa Missa, o que fazer?

Veja a resposta do Pe. Paulo:


Segundo vídeo: A bíblia dentro do côco!

Assisti esse vídeo no blog Fratres in Unum, ele ilustra bem a resposta do Pe. Paulo Ricardo.

A bíblia no final aparece – num passe de mágicas (e do facão) –dentro do côco. Fantástico não é (sic)!? Ainda bem que o invisível não pode ser profanado.

Veja o vídeo:


Termino com um texto do documento Sacrossanctum Concilium do Concílio Vaticano II que diz:

[...] "Portanto, jamais algum outro, ainda que sacerdote, acrescente, tire ou mude por própria conta qualquer coisa à Liturgia." SC 556

Pax et Ignis!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Parabéns Santo Padre!


[Confira a biografia do Papa Bento XVI no blog do Apostolado IGNIS]

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dia 12 de Abril. O dia em que o Brasil aprovou o "massacre" de inocentes


[Texto do Pe. Marcio Tadeu – meu pároco – publicado no facebook]

Hoje, eu CHORO pelos inocentes fetos anencéfalos que perderam e perderão a dignidade da vida porque não fazerem parte do mesmo padrão morfológico dos entes históricos que declararam sua morte.
Hoje, eu REZO para que a vida perdida destes inocentes expie os pecados dos justos que caminham sobre a Terra...
Hoje, eu REZO para que os Santos Mártires Abortados, que para o mundo não tem cérebro, roguem a Deus pelos homens que tem cérebro mas não usam o coração...

Pe. Marcio Tadeu
Paróquia Senhor Bom Jesus
Votuporanga - SP

Apostolado IGNIS lança blog de evangelização - Deo Gratias!

[Segue a primeira postagem do blog Apostolado IGNIS com vídeo do Pe. Leandro incentivando e abençoando este trabalho de evangelização pela internet. Ad majorem Dei gloriam!]

***

A BENÇÃO SACERDOTAL E INCENTIVO DE NOSSO DIRETOR ESPIRITUAL - PRIMEIRA POSTAGEM

Salve Maria!

É com imensa alegria pascal que o Apostolado IGNIS apresenta mais um espaço de evangelização pela internet. Agora usando o blog como ferramenta. Como podem perceber, ainda esta em construção!

Não poderia ser diferente. A Benção Sacerdotal da o start para que todo o material publicado neste espaço esteja sob as Bençãos do Senhor nosso Deus.

Pe. Leandro Luiz Bernardes que tem nos ajudado muito como confessor, diretor espiritual e também na formação teológica, filosófica e litúrgica, nos dirige algumas palavras de incentivo e abençoa todos aqueles que acessarem este espaço.

Veja o vídeo:


Deo Gratias!

A intenção deste blog é EVANGELIZAR – como disse o padre. No centro desta evangelização está a promoção e a defesa da Fé e da Moral Católica.

Todos os artigos publicados neste espaço estará em total fidelidade e concordância do que nos ensina as Sagradas Escrituras, a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério. Se por ventura algo fugir deste compromisso, faço das palavras do Doutor Angélico a nossa:

“Espero nunca ter ensinado nenhuma verdade que não tenha aprendido de Vós. Se, por ignorância, fiz o contrário, revogo tudo e submeto todos meus escritos ao julgamento da Santa Igreja Romana” (Santo Tomás de Aquino).

Pedimos a oração de todos, para que possamos fazer sempre a vontade de Deus. Que a Santíssima Virgem Maria interceda por nós para que não tenhamos medo de ser sinal de contradição neste mundo.

ANUNCIAR O EVANGELHO NO PODER E NO FOGO DO ESPÍRITO SANTO. DEFENDER O CRISTO E SUA SANTA IGREJA COM AMOR ETERNO E SE PRECISO DAR A VIDA POR ELA.

#afavordavida

Pax et Ignis!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Anencefalia - Pais testemunham sua fé


STF NÃO PODE APROVAR UM MASSACRE DE INOCENTES NO BRASIL.

Dia 11 de abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal vai julgar a polêmica ação que permitirá ou não o aborto em caso de feto com má-formação no cérebro. De um lado, a ciência argumenta que bêbes com esse diagnóstico são incompatíveis com a vida. De outro, os pais que defendem o direito de seus filhos especiais à vida. É o caso de Vitória, que não só sobreviveu ao parto, mas hoje com 2 anos, continua supreendendo a ciência que nem sempre consegue explicar o milagre da vida.

Saiba o que fazer neste dia clicando aqui.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

CONVOCAÇÃO GERAL EM DEFESA DA VIDA

CONVOCAMOS TODOS BLOGUEIROS E INTERNAUTAS CRISTÃOS, de todas as denominações religiosas, NÃO-CRISTÃOS e TODOS os defensores da vida humana, PARA DIVULGAR E PARTICIPAR DA AÇÃO CONJUNTA CONTRA A LIBERAÇÃO DO ABORTO pelos 11 ministros(as) do STF - Supremo Tribunal Federal 

1 - VIGÍLIA ECUMÊNICA DE ORAÇÃO PRESENCIAL 

Dias 10 e 11.04.2012 - Vigília de Oração Ecumênica em frente ao STF - Supremo Tribunal Federal 

(a partir das 18:00 horas do dia 10.04.2012 )

Participações de artistas: Elba Ramalho e Nael de Freitas

2 - VIGÍLIA de ORAÇÃO pela VIDA nas DIOCESES

CNBB convoca VIGÍLIA de ORAÇÃO pela VIDA 

em TODAS AS DIOCESES DO BRASIL

Dia 10.04.2012 a partir das 18:00 horas

3 - TWITAÇO VIGÍLIA - #abortonuncamais

A partir das 18:00 horas do dia 10.04.2012, durante toda a noite e durante todo o dia 11.04.2012, até o término do julgamento no STF 

4- FACEBOOK E OUTRAS MÍDIAS

Direito à vida aos anencéfalos - Aborto nunca - Saúde para proteger mulher da morte Materna - 

CPI da VERDADE sobre o ABORTO,JÁ!

5 - ENVIO DE EMAILS 

A partir das 9:00 horas, nos dias 10 e 11.04.2012. até o término do julgamento - envio de emails para os Ministros do STF - Emails dos ministros e TEXTOS abaixo

EMAILS DOS MINISTROS

mgilmar@stf.jus.br, mgilmar@stf.gov.br, 
mcelso@stf.jus.br, mcelso@stf.gov.br, 
marcoaurelio@stf.jus.br, 
gabinete-lewandowski@stf.gov.br, 
anavt@stf.gov.br, anavt@stf.jus.br, 
carlak@stf.gov.br, carlak@stf.jus.br, 
gabminjoaquim@stf.jus.br,
gabcob@stf.jus.br,
audienciacarmen@stf.jus.br, 
audienciasgilmarmendes@stf.jus.br, 
gabinete-lewandowski@stf.jus.br, 
gabineteluizfux@stf.jus.br, 
gabmtoffoli@stf.jus.br

MODELO n. 01 de TEXTO DE EMAIL PARA OS MINISTROS

"Exmo(a) Senhor(a) Ministro(a) do Supremo Tribunal Federal: 

1 - Não concordo com a a possibilidade do aborto de bebês anencefálicos e cujo julgamento está marcado para o dia 11 de abril. 

2 - A liberação do assassinato de bebês anencéfalos não resolve a principal do problema, apontada pela medicina brasileira: a falta de ácido fólico na época da gestação. Em vez de matar os bebês, melhor será obrigar os governos a dar condição alimentar especial para as gestantes, a partir da fecundação do óvulo. 

3 - A liberação do aborto de anencéfalos fere a dignidade humana, pois o bebê apresenta de fato uma má-formação, porém ele não está em morte cerebral. Seguindo o protocolo de definição de morte cerebral para recém nascidos (que, aliás, apresenta particularidades diferentes do protocolo de adultos) não se chega à conclusão de morte encefálica, pois nenhuma técnica pode preencher as exigências legais para comprovar a morte cerebral de um feto vivo, dentro do útero. Inclusive, é de conhecimento público que a Associação Médica dos E.U.A. suspendeu a autorização de doação de órgãos nestes casos, exatamente por não ser possível diagnosticar a morte cerebral das crianças portadoras de anencefalia durante a gravidez ou depois do nascimento, pelo fato de estarem vivas. 

4- Não existe risco de morte para a gestante. O argumento de que a gestação de fetos com anencefalia é um risco de morte para a mãe não procede com a literatura da Obstetrícia clássica. Os riscos físicos e para o futuro obstétrico da mãe são menores se houver a espera do desenlace natural da gestação, com acompanhamento médico. 

5 - O aborto provocado em qualquer época da gestação é que traz sérios riscos à mãe. Não há base sólida em argumentos médicos e psicológicos para ser solicitada a liberação do aborto no caso de bebês anencefálicos. 

6 - É evidente a ingerência de interesses internacionais na liberação do aborto e no uso político das expectativas dessas mães para chegar a esse objetivo.

7 - Por isso, solicitamos de V. Excia que vote NÃO à interrupção da gravidez de bebês com anencefalia, e SIM ao acompanhamento ALIMENTAR, MÉDICO E PSICOLÓGICO das gestantes, as grandes vítimas dessa CULTURA DA MORTE que pretendem implantar no Brasil, com a ajuda da mais Alta CorteBrasileira. 

Atenciosamente ......."

MODELO N. 02 DE TEXTO DE EMAIL PARA OS MINISTROS:

Excelentíssimos Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal, antes de julgarem a ADPF 54 sobre o aborto dos bebês anencéfalos, peço leiam o que tenho a dizer:

“...Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte...”

Eu, ________________________________________________, venho por meio desta carta manifestar que sou contrário(a) ao aborto em todas as circunstancias, inclusive nos casos em que o feto é portador de anencefalia.
A vida é o maior dom de que dispomos e não compete a ninguém o poder de tirá-la.
Em um Estado Democrático de Direito, é preciso que seja resguardado o primeiro e mais importante Direito Fundamental, o Direito de Viver, sem o qual não se pode obter os demais direitos à saúde, educação, moradia, alimentação e lazer.
Não pode haver justiça numa decisão que opta por retirar a vida de seres inocentes, que se encontram numa situação de tamanha fragilidade como a dos bebes anencéfalos.
É pela vida do bebê e pelo bem-estar da mãe que lutamos.
O Estado deve zelar pelos cuidados para com a gestante e o bebê providenciando o conforto possível e todos os cuidados paliativos cabíveis, de maneira a aliviar o sofrimento. Além disso, devem ser implementadas medidas preventivas (vide art. 198, inc.II da CRFB/88) no sentido de propiciar a ingestão diária de ácido fólico por parte das mulheres em idade fértil, por ser este um meio comprovadamente eficaz de prevenção às malformações do tubo neural, dentre as quais se encontra a anencefalia ou, como mais corretamente denominada meroanencefalia (ausência parcial do encéfalo).
Defendemos que a mãe possa descobrir a importância do seu papel materno no chamado a amar seu filho, mesmo que ele esteja doente ou tenha pouca expectativa de vida.
A vida, mesmo que breve, merece ser vivida com intensidade e amor.
Esta é uma carta de quem ama a vida e luta para que todos tenham vida e a tenham em abundância.
Atenciosamente,

_____________________________________
(Assinatura)


“NÃO TENHO MEDO DO BARULHO DOS MAUS,
MAIS ME APAVORA O SILÊNCIO DOS BONS!”
Martin Luther King

Participe! A vida humana não tem religião, tem vida humana!

Envie este email para todos os seus conhecidos, amigos, parentes. 

Seja você também um defensor da vida humana!

sábado, 7 de abril de 2012

A PÁSCOA - SANTO AGOSTINHO


Sermão:
“SOBRE A RESSURREIÇÃO DE CRISTO, SEGUNDO SÃO MARCOS”
(P.L. 38, 1104-1107)

Santo Agostinho (*350 - †430) - Bispo de Hipona


A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo lê-se estes dias, como é costume, segundo cada um dos livros do santo Evangelho. Na leitura de hoje ouvimos Jesus Cristo censurando os discípulos, primeiros membros seus, companheiros seus porque não criam estar vivo aquele mesmo por cuja morte choravam. Pais da fé, mas ainda não fiéis; mestres - e a terra inteira haveria de crer no que pregariam, pelo que, aliás, morreriam - mas ainda não criam. Não acreditavam ter ressuscitado aquele que haviam visto ressuscitando os mortos. Com razão, censurados: ficavam patenteados a si mesmos, para saberem o que seriam por si mesmos os que muito seriam graças a ele.
E foi deste modo que Pedro se mostrou quem era: quando iminente a Paixão do Senhor, muito presumiu; chegada a Paixão, titubeou. Mas caiu em si, condoeu-se, chorou, convertendo-se a seu Criador.
Eis quem eram os que ainda não criam, apesar de já verem. Grande, pois, foi a honra a nós concedida por aquele que permitiu crêssemos no que não vemos! Nós cremos pelas palavras deles, ao passo que eles não criam em seus próprios olhos.
A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo é a vida nova dos que crêem em Jesus, e este é o mistério da sua Paixão e Ressurreição, que muito devíeis conhecer e celebrar. Porque não sem motivo desceu a Vida até a morte. Não foi sem motivo que a fonte da vida, de onde se bebe para viver, bebeu desse cálice que não lhe convinha. Por que a Cristo não convinha a morte.

De onde veio a morte?
Vamos investigar a origem da morte. O pai da morte é o pecado. Se nunca houvesse pecado ninguém morreria. O primeiro homem recebeu a lei de Deus, isto é, um preceito de Deus, com a condição de que se o observasse viveria e se o violasse morreria. Não crendo que morreria, fez o que o faria morrer; e verificou a verdade do que dissera quem lhe dera a lei. Desde então, a morte. Desde então, ainda, a segunda morte, após a primeira, isto é, após a morte temporal a eterna morte. Sujeito a essa condição de morte, a essas leis do inferno, nasce todo homem; mas por causa desse mesmo homem, Deus se fez homem, para que não perecesse o homem. Não veio, pois, ligado às leis da morte, e por isso diz o Salmo: “Livre entre os mortos” [Sl 87].
Concebeu-o, sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu. Ele viveu sem culpa, não morreu por motivo de culpa, comungava conosco no castigo mas não na culpa. O castigo da culpa é a morte. Nosso Senhor Jesus Cristo veio morrer, mas não veio pecar; comungando conosco no castigo sem a culpa, aboliu tanto a culpa como a castigo. Que castigo aboliu? O que nos cabia após esta vida. Foi assim crucificado para mostrar na cruz o fim do nosso homem velho; e ressuscitou, para mostrar em sua vida, como é a nossa vida nova. Ensina-o o Apóstolo: “Foi entregue por causa dos nossos pecados, ressurgiu por causa da nossa justificação” [Rm 4,25].

Como sinal disto, fora dada outrora a circuncisão aos patriarcas: no oitavo dia todo indivíduo do sexo masculino devia ser circuncidado. A circuncisão fazia-se com cutelos de pedra: porque Cristo era a pedra. Nessa circuncisão significava-se a espoliação da vida carnal a ser realizada no oitavo dia pela Ressurreição de Cristo. Pois o sétimo dia da semana é o sábado; no sábado o Senhor jazia no sepulcro, sétimo dia da semana. Ressuscitou no oitavo. A sua Ressurreição nos renova. Eis por que, ressuscitando no oitavo dia, nos circuncidou.
É nessa esperança que vivemos. Ouçamos o Apóstolo dizer. “Se ressuscitasses com Cristo...” [Cl 3,1] Como ressuscitamos, se ainda morremos? Que quer dizer o Apóstolo: “Se ressuscitasses com Cristo?” Acaso ressuscitariam os que não tivessem antes morrido? Mas falava aos vivos, aos que ainda não morreram ... os quais, contudo, ressuscitaram: que quer dizer?
Vede o que ele afirma: “Se ressuscitasses com Cristo, procurai as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, saboreai o que é do alto, não o que está sobre a terra. Porque estais mortos!”

É o próprio Apóstolo quem está falando, não eu. Ora, ele diz a verdade, e, portanto, digo-a também eu... E por que também a digo? “Acreditei e por causa disto falei” [Sl 115].
Se vivemos bem, é que morremos e ressuscitamos. Quem, porém, ainda não morreu, também não ressuscitou, vive mal ainda; e se vive mal, não vive: morra para que não morra. Que quer dizer: morra para que não morra? Converta-se, para não ser condenado.
“Se ressuscitasses com Cristo”, repito as palavras do Apóstolo, “procurai o que é do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, saboreai o que é do alto, não o que é da terra. Pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, aparecer, então também aparecereis com ele na glória”. São palavras do Apóstolo. A quem ainda não morreu, digo-lhe que morra; a quem ainda vive mal, digo-lhe que se converta. Se vivia mal, mas já não vive assim, morreu; se vive bem, ressuscitou.
Mas, que é viver bem? Saborear o que está no alto, não o que sobre a terra. Até quando és terra e à terra tornarás? Até quando lambes a terra? Lambes a terra, amando-a, e te tornas inimigo daquele de quem diz o Salmo: “os inimigos dele lamberão a terra” [Sl 79,9].

Que éreis vós? Filhos de homens. Que sois vós? Filhos de Deus.
Ó filhos dos homens, até quando tereis o coração pesado? Por que amais a vaidade e buscais a mentira? Que mentira buscais? O mundo.
Quereis ser felizes, sei disto. Dai-me um homem que seja ladrão, criminoso, fornicador, malfeitor, sacrílego, manchado por to- dos os vícios, soterrado por todas as torpezas e maldades, mas não queira ser feliz. Sei que todos vós quereis viver felizes, mas o que faz o homem viver feliz, isso não quereis procurar. Tu, aqui, buscas o ouro, pensando que com o ouro serás feliz; mas o ouro não te faz feliz. Por que buscas a ilusão? E com tudo o que aqui procuras, quando procuras mundanamente, quando o fazes amando a terra, quando o fazes lambendo a terra, sempre visas isto: ser feliz. Ora, coisa alguma da terra te faz feliz. Por que não cessas de buscar a mentira? Como, pois, haverás de ser feliz? “Ó filhos dos homens, até quando sereis pesados de coração, vós que onerais com as coisas da terra o vosso coração?” [Sl 4,3] Até quando foram os homens pesados de coração? Foram-no antes da vinda de Cristo, antes que ressuscitasse o Cristo. Até quando tereis o coração pesado? E por que amais a vaidade e procurais a mentira? Querendo tornar-vos felizes, procurais as coisas que vos tornam míseros! Engana-vos o que descaiais, é ilusão o que buscais.
Queres ser feliz? Mostro-te, se te agrada, como o serás. Continuemos ali adiante (no versículo do Salmo): “Até quando sereis pesados de coração? Por que amais a vaidade e buscais a mentira?” “Sabei” - o quê? – “que o Senhor engrandeceu o seu Santo” [Sl 4,3].
O Cristo veio até nossas misérias, sentiu a fone, a sede, a fadiga, dormiu, realizou coisas admiráveis, padeceu duras coisas, foi flagelado, coroado de espinhos, coberto de escarros, esbofeteado, pregado no lenho, traspassado pela lança, posto no sepulcro; mas no terceiro dia ressurgiu, acabando-se o sofrimento, morrendo a morte. Eia, tende lá os vossos olhos na ressurreição de Cristo; porque tanto quis o Pai engrandecer o seu Santo, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu a honra de se assentar no Céu à sua direita. Mostrou-te o que deves saborear se queres ser feliz, pois aqui não o poderás ser. Nesta vida não podes ser feliz, ninguém o pode.

Boa coisa a que desejas, mas não nesta terra se encontra o que desejas. Que desejas? A vida bem-aventurada. Mas aqui não reside ela.
Se procurasses ouro num lugar onde não houvesse, alguém, sabendo da sua não existência, haveria de te dizer: “Por que estás a cavar? Que pedes à terra? Fazes uma fossa na qual hás de apenas descer, na qual nada encontrarás!”
Que responderias a tal conselheiro? “Procuro ouro”. Ele te diria: “Não nego que exista o que descias, mas não existe onde o procuras”.
Assim também, quando dizes: “Quero ser feliz”. Boa coisa queres, mas aqui não se encontra. Se aqui a tivesse tido o Cristo, igualmente a teria eu. Vê o que ele encontrou nesta região da tua morte: vindo de outros paramos, que achou aqui senão o que existe em abundância? Sofrimentos, dores, morte. Comeu contigo do que havia na cela de tua miséria. Aqui bebeu vinagre, aqui teve fel. Eis o que encontrou em tua morada.
Contudo, convidou-te à sua grande mesa, à mesa do Céu, à mesa dos anjos, onde ele é o pão. Descendo até cá, e tantos males recebendo de tua cela, não só não rejeitou a tua mesa, mas prometeu-te a sua.
E que nos diz ele?
“Crede, crede que chegareis aos bens da minha mesa, pois não recusei os males da vossa”.
Tirou-te o mal e não te dará o seu bem? Sim, da-lo-á. Pro- meteu-nos sua vida, mas é ainda mais incrível o que fez: ofereceu-nos a sua morte. Como se dissesse: “À minha mesa vos convido. Nela ninguém morre, nela está a vida verdadeiramente feliz, nela o alimento não se corrompe, mas refaz e não se acaba. Eia para onde vos convido, para a morada dos anjos, para a amizade do Pai e do Espírito Santo, para a ceia eterna, para a fraternidade comigo; enfim, a mim mesmo, à minha vida eu vos conclamo! Não quereis crer que vos darei a minha vida? Retende, como penhor a minha morte”.
Agora, pois, enquanto vivemos nesta carne corruptível, mor- ramos com Cristo pela conversão dos costumes, vivamos com Cristo pelo amor da justiça.
Não haveremos de receber a vida bem-aventurada senão quando chegarmos àquele que veio até nós, e quando começarmos a viver com aquele que por nós morreu.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

AS "SETE PALAVRAS DE CRISTO NA CRUZ".


Por Leandro Martins de Jesus


“Ó admirável poder da Cruz! Ó inefável glória da Paixão! Nela se encontra o tribunal do Senhor, o julgamento do mundo, o poder do Crucificado!” (São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja).

Nosso Senhor Jesus Cristo, após cravado na Santa Cruz para sofrer a Paixão a fim de nos salvar proferiu sete Palavras que ficaram consignadas no coração da Igreja. Essas Palavras de Cristo na Cruz, objeto de meditação dos Santos Padres e Doutores, compõem um tesouro singular que o Senhor nos deixou no momento em que consumava o Mistério de nossa Redenção. Passemos então a conhecer e aprofundar-nos nessas eficazes Palavras que Senhor nos confiou. (cf. II Tim 3,16-17).


1ª Palavra: “Pai, perdoai-lhes, por que não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

Na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, se efetiva o Mistério da Redenção do gênero humano, com efeito, “por sua paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado. Ele nos mereceu a vida nova no Espírito Santo. Sua graça restaura o que o pecado deteriorou em nós”. (Catecismo da Igreja Católica §1708)

A primeira Palavra que Cristo profere na Cruz, é a súplica do perdão: “Pai, perdoai-lhes, por que não sabem o que fazem”. Em meio à humanidade devastada pelo pecado, em meio ao povo enganado que pedia a morte do Cordeiro inocente, Cristo tem compaixão e pede o perdão para aqueles que o condenam.

Neste momento final, Cristo retoma o ensino que outrora tinha proferido: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5,44). Dessa forma ele deixa claro a necessidade e a importância do perdão, necessidade essa consignada na oração que Ele mesmo ensinou a seus discípulos: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam” (Mt 6,12).

“Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21-22).

Que ensino grandioso Nosso Senhor nos deixa nesta primeira Palavra proferida na Cruz, em meio a toda dor e sofrimento em que se encontrava, por amor à humanidade, Ele não pensa em si, mas pede por aqueles que o persegue.

“Ó ternura do amor de Jesus Cristo para com os homens! Diz S. Agostinho que o Salvador, na mesma hora em que recebia injúrias de seus inimigos, procurava-lhes o perdão: não atendia tanto às injúrias que deles recebia e à morte a que o condenavam, como ao amor que o obrigava a morrer por eles. Mas, dirá alguém, por que foi que Jesus pediu ao Pai que lhes perdoasse, quando ele mesmo poderia perdoar- lhes as injúrias? Responde S. Bernardo que ele rogou ao Pai, “não porque não pudesse pessoalmente perdoar-lhes, mas para nos ensinar a orar pelos que nos perseguem”. (LIGÓRIO, Afonso M. de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.Vol II,  Ed.PDF, Fl. Castro, abril 2002,p.19)

E São Paulo, ao evangelizar os pagãos iria justamente transmitir esse ensinamento recebido do Senhor (cf. I Cor 11,23):

“Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis. Não pagueis a ninguém o mal com o mal. Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos os homens. Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor (Dt 32,35). Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Procedendo assim, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça (Pr 25,21s).Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem”. (Rom 12, 14.17.19-21)

Assim, nesta primeira Palavra de Cristo na Cruz, tomamos consciência da importância fundamental do perdão na vida do Cristão, pois “Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão”. (Jo 4,20-21).


2ª Palavra: “Em verdade eu te digo: Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).

Quando Cristo profere a segunda Palavra na Cruz, observamos dois ladrões crucificados, um de cada lado. Nestes dois ladrões vemos a prefiguração de duas atitudes que podemos abraçar em nossa vida: a atitude do desespero em meio ao sofrimento, zombando da salvação e, por conseguinte do Salvador; e a atitude de reconhecimento e confissão do pecado, resignação em meio ao sofrimento presente, com vistas na esperança da glória futura.

Neste momento da Paixão, temos uma cena de ultrajes contra o Salvador:

 A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus! Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam: Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.  Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: Este é o rei dos judeus. Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!  Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino! Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso(Lc 23,35-43).

Que ensino grandioso recebemos de Nosso Senhor ao conceder ao penitente arrependido a Salvação eterna: hoje estarás comigo no paraíso! Com estas palavras salvíficas Jesus nos mostra que se nos arrependermos dos nossos pecados, O reconhecermos como nosso Salvador (cf. Jo 1,12) e O buscarmos diligentemente, sem dúvidas estaremos com Ele.

Ora, Nosso Senhor veio para “salvar o que estava perdido” (Mt 18,11), e como predisse o profeta Ezequiel (cf. Ez 18,21-22), aquele que se arrepende dos pecados os tem como que apagados pelo Senhor, estando liberto para uma nova vida, a vida da graça.

Sobre a grandiosidade desta palavra de Cristo, ensina com maestria e inspiração S. Afonso de Ligório:

“Em verdade eu te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. Escreve um douto autor que com essa palavra o Senhor nesse mesmo dia, imediatamente depois de sua morte, se lhe mostrou sem véu, fazendo-o imensamente feliz, embora não lhe conferisse todas as delícias do céu antes de entrar nele. Arnoldo Carnotense, no seu Tratado das 7 palavras, considera todas as virtudes que o bom ladrão S. Dimas praticou na sua morte: “Ele crê, se arrepende, confessa, prega, ama, confia e ora”. Praticou a fé, dizendo: “Quando chegares no teu reino”, crendo que Jesus Cristo depois de sua morte havia de entrar vitorioso no reino de sua glória. “Teve por perto que havia de reinar quem ele via morrer”, diz S. Gregório. Exerceu a penitência, confessando seus pecados: “Nós padecemos justamente, pois recebemos o que merecemos”. Diz S. Agostinho: Não ousou dizer: lembra-te de mim, senão depois da confissão de sua iniqüidade e de depor o fardo de suas iniqüidades (Serm. 130 de templ.). E S. Atanásio: “Ó bem-aventurado ladrão, que roubaste o céu com essa confissão”. Outras belas virtudes praticou então esse santo penitente: a pregação, anunciando a inocência de Jesus: “Este, porém, nenhum mal praticou”. Exerceu o amor para com Deus, aceitando a morte com resignação em castigo de seus pecados: “Recebemos o que merecemos”. S. Cipriano, S. Jerônimo, S. Agostinho não duvidam por isso de chamá-lo mártir, porque os algozes, ao quebrarem-lhe as pernas, o fizeram com maior atrocidade, por ter louvado a inocência de Jesus, aceitando esse sofrimento por amor de seu Senhor.” (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.20)

Assim, diante destes fatos, fica-nos a lição da perseverança em meio às provações, do repudio que devemos ter ao pecado, do reconhecimento do Cristo como Nosso Senhor e da Salvação que ele nos traz. Com efeito nos diz São Paulo:“Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. (ICor 2,9). Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada”. (Rom 8,18).


3ª Palavra: “Mulher, eis ai teu filho. Eis ai tua mãe” (Jo 19,26-27).

Na terceira Palavra de Cristo na Cruz, em meio a todo o sofrimento, Jesus mais uma vez, numa prova inequívoca de amor à humanidade, nos dá a graça de termos a Sua santa Mãe por nossa mãe! Vejamos o relato do Evangelho:

“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa”. (Jo 19,25-27).

Esta Palavra nos revela fatos muito importantes, é uma prova de que Nossa Senhora não possuía outros filhos, pois caso contrário não poderia estar desamparada neste momento, revela-nos que era viúva de São José, que também não se encontrava ao seu lado, como também o afirma S. Afonso de Ligório:

“Com isso deu a entender que José já era morto, porque se ele ainda vivesse não o teria separado de sua esposa” (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.21).

Outra revelação magnífica dessa Palavra é a necessidade de tão boa Mãe a nos acompanhar em nossa caminhada rumo ao Salvador, ora todos os atos de Nosso Senhor Jesus Cristo, são atos salvíficos, assim, sendo, ao nos dar Sua Mãe como nossa Mãe, Jesus Cristo visava a nossa salvação. João neste momento, o discípulo amado, era a prefiguração de cada um de nós. E o que ele fez ao receber tamanha graça? Imediatamente “o discípulo a levou para a sua casa”. Todoverdadeiro Cristão deve ter por Mãe Nossa Senhora, que insistentemente só tem um único pedido a nos fazer: “Fazei tudo o que Ele vos disser !” (Jo 2,5)  

O Papa Leão XIII explica com precisão a graça da Maternidade Espiritual de Maria, que nos foi legada por Jesus:

“O mistério do imenso amor de Cristo a nós teve, "entre outras, uma luminosa manifestação quando Ele, perto de morrer, quis confiar ao seu discípulo João aquela mãe, sua própria Mãe, com aquele solene testamento: "Eis aí teu filho!" Ora, na pessoa de João, segundo o pensamento constante da Igreja, Cristo quis indicar o gênero humano, e, particularmente, todos aqueles que a Ele adeririam pela fé. E é justamente neste sentido que S. Anselmo de Cantuária exclama: "O' Virgem, que privilégio pode ser tido em maior consideração do que esse pelo qual és a mãe daqueles para os quais Cristo se digna de ser pai e irmão?" (S. Anselmo de Cantuária., Oratio 47).Por sua parte, Maria generosamente aceitou e tem cumprido essa singular e pesada missão, cujo inícios foram consagrados no Cenáculo. Desde então ela ajudou admiravelmente os primeiros fiéis com a santidade do seu exemplo, com a autoridade dos seus conselhos, com a doçura dos seus incentivos, com a eficácia das Suas orações, tornando-se assim verdadeiramente mãe da Igreja e mestra e rainha dos Apóstolos, aos quais comunicou também aqueles divinos oráculos que ela "conservava ciosamente no seu coração"”. (Papa Leão XIII. Carta Encíclica Adiutricem Populi, nº3, Roma, 25/09/1895).

Também S.Afonso de Ligório, nos traz uma edificante reflexão sobre essa Palavra do Senhor, demonstrando o Amor de Cristo pela humanidade ao dar a Sua Mãe e o Amor da Mãe ao Filho ao suportar com Ele as dores da Paixão.

“Estava, pois, a aflita Mãe junto à cruz, e, assim como o Filho sacrificava a vida, sacrificava ela a sua dor pela salvação dos homens, participando com suma resignação de todas as penas e opróbrios que o Filho sofria ao expirar. Diz um autor que desabonam a constância de Maria os que a representam desfalecida aos pés da cruz: ela foi a mulher forte que não desmaia, não chora, como escreve S. Ambrósio: “Leio que estava em pé e não leio que chorava” (In cap. 23 Lc). A dor, que a Santíssima Virgem suportou na paixão do Filho, superou a todas as dores que pode padecer um coração humano. A dor, porém, de Maria não foi uma dor estéril, como a das outras mães vendo os sofrimentos de seus filhos; foi, pelo contrário, uma dor frutuosa: pelos merecimentos dessa dor e por sua caridade, diz S. Agostinho, assim como é ela mãe natural de nosso chefe Jesus Cristo, tornou-se então mãe espiritual dos fiéis membros de Jesus, cooperando com sua caridade para nosso nascimento e para fazer-nos filhos da Igreja (Lib. de sanc. virgin. c. 6). Escreve S. Bernardo que no monte Calvário estes dois grandes mártires, Jesus e Maria, se calavam: a grande dor que os oprimia tirava-lhes a faculdade de falar. (De Mar.). A Mãe contemplava o Filho agonizante na cruz, e o Filho, a Mãe agonizante ao pé da cruz, toda extenuada pela compaixão que sentir apor suas penas.(LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.21).

Assim, nessa Palavra de Cristo, somos agraciados com Sua Mãe, que doravante estará a nosso lado a nos conduzir a seu Filho amado.

 “Jesus é o Filho Único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: "Ela gerou seu Filho, do qual Deus fez “o primogênito entre uma multidão de irmãos” (Rm 8,29), isto é, entre os fiéis, em cujo nascimento e educação Ela coopera com amor materno”. (Catecismo da Igreja Católica § 501).


4ª Palavra: “Elói, Elói, lammá sabactáni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34-35)

Nesta quarta Palavra de Cristo na Cruz, ele expressa a dor de carregar em seu corpo santo todo o pecado da humanidade, a fim de redimi-la, tal dor é expressa com o brado: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

É preciso compreender que Cristo sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não se valeu de sua divindade para suportar as dores e sofrimentos da Paixão, mas pelo contrario, os sentiu com maior dor pelo fato de ter um corpo santo (cf. Hb 4,15), sujeito a pagar pelos pecados de todos os homens. São Paulo e S. Afonso de Ligório expressam com clareza o desprendimento de Jesus, ao assumir nossa condição miserável, a fim de redimi-la:

“Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens.E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”. (Fl 2,6-8).

“Cumpre saber que Jesus estava sobrecarregado de todos os pecados do mundo inteiro e por isso, ainda que pessoalmente fosse o mais santo de todos os homens, tendo de satisfazer por todos os pecados deles, era tido pelo pior pecador do mundo e como tal fez-se réu de todos e ofereceu-se para pagar por todos. E porque nós merecíamos ser abandonados eternamente no inferno, no desespero eterno, quis ele ser abandonado ou entregue a uma morte privada de todo o alívio, para assim livrar-nos da morte eterna”. (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.23).

Este sentimento de abandono, sentido por Cristo padecente na Cruz, nos mostra a dor do abandono que sente o pecador que se afasta de Deus. E todo esse sofrimento foi assumido pelo Cristo em nosso lugar:

“Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca (Is 53,9). Ele, ultrajado, não retribuía com idêntico ultraje; ele, maltratado, não proferia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça. Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados (Is 53,5). (I Pd 2,22-24)

S. Afonso de Ligório citando S. Leão Magno nos traz importantes reflexões acerca dessa Palavra de Jesus, vejamos:

“Escreve S. Leão que esse brado de Jesus não foi queixa, mas ensino (Serm. 17 de pas. c. 13). Ensino, porque com aquele brado queria dar-nos a entender quão grande é a malícia do pecado, que quase obrigava Deus a abandonar às penas, sem alívio, seu dileto Filho, somente por ter ele tomado sobre si a obrigação de satisfazer por nossos delitos. Jesus não foi então abandonado pela divindade, nem privado da glória que fora comunicada à sua bendita alma desde o primeiro instante de sua criação; foi, porém, privado de todo consolo sensível, com o qual costuma Deus confortar seus fiéis servos nos seus padecimentos e foi deixado em trevas, temores e amarguras, penas essas por nós merecidas. Esse abandono da presença sensível de Deus experimentou Jesus também no horto de Getsêmani: mas o que sofreu pregado na cruz foi maior e mais amargo”. (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.23).

O protestante Calvino, no seu comentário sobre o Evangelho de São João, profere uma blasfêmia ao afirmar que Cristo sofrera o pecado do desespero ao proferir essa Palavra. Explica S. Afonso de Ligório apoiado nos Santos Padres, que tal expressão de Nosso Senhor, expressa exatamente a dor dos sofrimentos provenientes da Paixão e jamais o desespero, que só acomete àqueles que voluntariamente pelo pecado se privam da amizade de Deus:

“Calvino, no seu comentário sobre S. João, disse uma blasfêmia (...) Como poderia satisfazer pelos nossos pecados com um pecado ainda maior, qual o do desespero? E como conciliar-se esse desespero de que sonha Calvino, com estas palavras que Jesus pronunciou depois: “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”?(Lc 23,46). A verdade é, segundo a explicação de S. Jerônimo e S. Crisóstomo e outros, que nossos Salvador lança essa exclamação de dor para nos patentear, não o seu desespero, mas o tormento que sofria tendo uma morte privada de todo o alívio.” (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.23).

Em fim, esta Palavra nos mostra a dor que nossos pecados acarretam para o Salvador, entretanto, demonstram mais uma vez a grandiosidade do amor e da misericórdia de Deus para com os homens, se fazendo verdadeiro homem para padecer em nosso lugar: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3,16)

“Ao abraçar em seu coração humano o amor do Pai pelos homens, Jesus "amou-os até o fim" (Jo 13,11), "pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Assim, no sofrimento e na morte, sua humanidade se tornou o instrumento livre e perfeito de seu amor divino, que quer a salvação dos homens.” (Catecismo da Igreja Católica § 609).


5ª Palavra: “Tenho sede” (Jo 19,28).

Na quinta Palavra de Cristo na Cruz, Ele expressa a debilidade de seu corpo em meio aos tormentos suportados até aquele instante, e exaurido pela perda de sangue e água durante todo esse martírio, diz: “Tenho sede”.

“Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede”. (Jo 19,28)

A “Escritura” aludida pelo evangelista S. João, que deveria ser cumprida, é a que se encontra no Salmo de Davi:

“Puseram fel no meu alimento, na minha sede deram-me vinagre para beber”. (Sl 68,22).

Comentando sobre o cumprimento dessa Escritura, diz São Tomás de Aquino:

“Jesus não diz que tem sede para que seja consumada a profecia do Antigo Testamento; pelo contrário: a profecia é que foi escrita porque devia, um dia, ser vivida pelo Cristo” (S. Tomás de Aquino. Comentários de S. João, 19,28 in: AQUINO, Felipe. As Sete Palavras de Cristo na Cruz. Lorena-SP: Cléofas, 2005, p.60).

Essa “sede” de Jesus, não era um fator simplesmente biológico, decorrente das circunstâncias da Paixão. Essa “sede” de Jesus era algo mais profundo. É a sede de almas, a sede de levar a salvação a cada ser humano da face da terra. Essa Palavra de Jesus na Cruz nos remete ao momento em que Ele pede de beber à samaritana (cf. Jo 4,1-15) no poço de Jacó, como se pedisse a cada um de nós, a nossa vida, a nossa alma para lhe saciar a sede. Ele afirma para a samaritana que Ele é a água viva (cf. Jr 2,13), quem Dele beber não terá sede:

“Respondeu-lhe Jesus: Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva. (...) o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna”. (Jo 4, 10.14).

Santo Agostinho comenta essa passagem dizendo:

“Desejaria Ele beber, realmente, quando dizia à samaritana: Dai-me de beber? E quando diz sobre a Cruz: Tenho sede? Do que teria sede senão de nossas boas obras?” (S. Agostinho. Salmos 36, sermão 2,21.4 in: AQUINO, Felipe. Op.cit, p.62).   

Também S. Afonso de Ligório ressalta essa sede de salvar toda a humanidade, sentida por Jesus pendente na Cruz:

“Grande foi a sede corporal que Jesus sofreu na cruz, já pelo sangue derramado no horto, já no pretório pela flagelação e coroação de espinhos, e mais ainda na mesma cruz onde de suas mãos e pés cravados escorriam rios de sangue como quatro fontes naturais. Sua sede espiritual foi, porém, muito maior, isto é, o desejo ardente que tinha de salvar todos os homens e de sofrer ainda mais por nós, como diz Blósio, em prova de seu amor (Mar. sp. p. 3 c. 18). S. Lourenço Justianiano escreve: “Esta sede nasce da fonte do amor” (De agon.c. 19)”. (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.24).

São Tomás de Aquino comentando essa Palavra de Jesus expressa a veracidade do sofrimento e essa sede de salvar o mundo que o Cristo sentiu na Paixão:

“Se Jesus diz: tenho sede! é, antes de tudo, porque morre de morte verdadeira, não da morte de um fantasma. Ainda aqui aparece o seu desejo ardente da salvação do gênero humano, conforme diz São Paulo: Deus, nosso Salvador, quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1 Tm 2,3-4). Jesus mesmo dissera: “o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Ora a veemência do desejo exprime-se, muitas vezes, pela sede, como diz o salmista: “Minha alma tem sede do Deus vivo” (S. Tomás de Aquino. Comentários de S. João, 19,28 in: AQUINO, Felipe. Op.cit, p.62).

Com essa Palavra Cristo, continua a mostrar seu incomensurável Amor pela humanidade, chegando a sentir sede física e espiritual, pela salvação das almas. Santa Catarina de Sena ilustra perfeitamente esse fato, ao dizer:

“É a fome e a sede do ansioso desejo que Jesus tinha de nossa salvação, que o faziam exclamar sobre o madeiro da cruz: Tenho sede! Como se dissesse: Tenho sede e desejo de vossa salvação, mais do que vos pode demonstrar o suplício corporal da sede. Sim, por que a sede do corpo é limitada, mas a sede do santo desejo não tem limites” (S. Catarina de Sena, Cartas, 8 in: AQUINO,Felipe. Op.cit, p.62).


6ª Palavra: “Está consumado”.

“Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado” (J0 19,30)

Essa penúltima Palavra de Cristo na Cruz vem selar todas as profecias a seu respeito. Nestes momentos finais Cristo nos diz com essa Palavra que toda a vontade do Pai para nos salvar foi cumprida Nele e por Ele.

“Nesse momento, Jesus, antes de expirar, pôs diante dos olhos todos os sacrifícios da antiga lei (todos eles figuras do sacrifício da cruz), todas as súplicas dos antigos padres, todas as profecias realizadas na sua vida e na sua morte, todos os opróbrios e ludíbrios preditos que ele devia suportar, e vendo que tudo se havia realizado, disse: “Tudo está consumado””. (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.24).

Com essa Palavra Jesus nos ensina a perseverar em nossa fé até o fim. Confiando Nele (cf. Fl 4,13) não devemos jamais olhar para trás (cf. Gen 19,26; Lc 9,62), mas, seguir sempre em direção ao alvo (cf. Fl 3,14), à nossa meta: a salvação que nos é ofertada gratuitamente por Deus.

S. Afonso de Ligório citando Santo Agostinho explica com maestria este sentido profundo dessa Palavra de Jesus ao afirmar que:

“S. Agostinho escreve: “O que te ensinou pendente da cruz, não querendo dela descer, senão que fosses forte em teu Deus?” (In ps. 70). Jesus quis consumar o seu sacrifício com a morte, para nos persuadir de que Deus não recompensa com a glória senão aqueles que perseveram no bem até ao fim, como o faz sentir por S. Mateus: “Quem perseverar até ao fim será salvo” (Mt 10,22). Quando, pois, ou seja por motivo de nossas paixões ou das tentações do demônio ou das perseguições dos homens nos sentirmos molestados e levados a perder a paciência e a ofender a Deus, olhemos para Jesus crucificado que derrama todo o seu sangue por nossa salvação e pensemos que nós ainda não derramamos uma só gota por seu amor. É o que diz S. Paulo: “Pois ainda não tendes resistido até ao sangue combatendo contra o pecado” (Hb 12,4)”. (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.24).

O saudoso Santo Padre João Paulo II, em uma Carta escrita aos Sacerdotes por ocasião da Quinta – Feira Santa no ano de 1998, nos traz uma reflexão muito significativa acerca da consumação do sacrifício salvífico de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele escreveu:

“O Evangelho de S. João, com palavras cheias de carinho e de mistério, refere a narração daquela primeira Quinta-Feira Santa, quando tomou lugar à mesa com os discípulos, no Cenáculo, o Senhor — « ...Ele que amara os Seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o Seu amor por eles » (13,1). Até ao extremo: até à instituição da Eucaristia, antecipação de Sexta-Feira Santa, do sacrifício da cruz e do mistério pascal. Durante a Última Ceia, Cristo toma o pão nas mãos e pronuncia as primeiras palavras da consagração: « Isto é o meu Corpo que será entregue por vós ». Logo a seguir, proclama sobre o cálice com vinho as sucessivas palavras da consagração: « Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados », e acrescenta: « Fazei isto em memória de Mim ». Cumpre-se assim, no Cenáculo, de modo incruento o Sacrifício da Nova Aliança, que será realizado com o derramamento de sangue no dia seguinte, quando Cristo disser sobre a cruz: « Consummatum est », « Tudo está consumado! » (Jo 19,30). Oferecido uma vez por todas sobre o Calvário, este Sacrifício é confiado aos Apóstolos, graças ao Espírito Santo, como o Santíssimo Sacramento da Igreja”. (Papa João Paulo II. Carta aos Sacerdotes por ocasião da Quinta Feira Santa de 1998, Vaticano, 25/03/1998).

Assim, temos nessa Palavra de Jesus o cumprimento das Escrituras, e o ensino salvífico de perseverar até o fim, confiados sempre no Senhor.

“Como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício expiatório", "quando carregava o pecado das multidões", "que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados”.(Catecismo da Igreja Católica § 615)


7ª Palavra: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).

Consumada as Escrituras, Nosso Senhor Jesus Cristo livremente entrega o espírito ao Pai, realizando a redenção definitiva da humanidade. É a realização do sacrifício da Nova e Eterna Aliança.

“A morte de Cristo é ao mesmo tempo o sacrifício pascal, que realiza a redenção definitiva dos homens pelo "cordeiro que tira o pecado do mundo", e o sacrifício da Nova Aliança, que reconduz o homem à comunhão com Deus, reconciliando-o com ele pelo "sangue derramado por muitos para remissão dos pecados". (Catecismo da Igreja Católica § 613)

São Lucas escreve:

“Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona. Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio. Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, expirou. Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse: Na verdade, este homem era um justo”. (Lc 23,44-47)

Este do véu do Templo de Jerusalém que se rasga vem simbolizar justamente o advento da Nova e Eterna Aliança: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição”. (Mt 5,17)

“O cumprimento perfeito da Lei só podia ser obra do Legislador divino nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho. Em Jesus, a Lei não aparece mais gravada nas tábuas de pedra, mas "no fundo do coração" (Jr 31,33) do Servo, o qual, pelo fato de "trazer fielmente o direito" (Is 42,3), se tornou "a Aliança do povo" (Is 42,6). Jesus cumpriu a Lei até o ponto de tomar sobre si "a maldição da Lei” in quod illi incurrerant "qui non permanent in omnibus, quae scripta sunt, ut faciant ea", na qual incorrerreram aqueles que "não praticam todos os preceitos da mesma, pois “a morte de Cristo aconteceu para resgatar as transgressões cometidas no Regime da Primeira Aliança" (Hb 9, 15)”. (Catecismo da Igreja Católica § 580).

Outro fato singular dessa Palavra de Jesus foi a imediata conversão do centurião romano que acompanhava ao pé da Cruz (cf. Jo 3,14-15) a morte do Redentor: “Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse: Na verdade, este homem era um justo” (Lc 23,47).
Com essa Palavra Jesus nos ensina a entregar-nos sempre, livre e totalmente ao Pai, que está sempre de braços abertos a nos esperar (cf. Lc 15,20). S. Afonso de Ligório apoiado nos Santos Padres ensina sobre essa Palavra:

“Escreve Eutíquio que Jesus proferiu estas palavras com grande voz, para dar a entender que ele era verdadeiramente o Filho de Deus, chamando a Deus seu Pai. S. Jerônimo escreve que ele deu este grande brado para demonstrar que não morria por necessidade, mas por própria vontade, emitindo um brado tão forte no momento mesmo em que estava para expirar. Isso combina com o que disse Jesus em vida, que ele de livre vontade sacrificava sua vida por nós,suas ovelhas, e não pela vontade ou malícia de seus inimigos. “Eu ponho minha alma por minhas ovelhas... ninguém ma pode tirar, eu mesmo a entrego de livre querer” (Jo 10,15). S. Atanásio ajunta que Jesus, recomendando-se ao Pai, recomendou-lhe justamente todos os fiéis que por seu intermédio deveriam receber a salvação, já que a cabeça com seus membros constituem um só corpo. E o santo conclui que Jesus então tinha em mente repetir o pedido feito antes: “Pai santo, conserva-os em teu nome, para que sejam um como nós” (Jo 17,11), e termina: “Pai, os que me destes quero que onde eu estiver estejam comigo” (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.25).

Neste momento em que Cristo consuma o Santo Sacrifício para a redenção da humanidade, sua Cruz torna-se venerável para nós cristãos! Ela que fora objeto de maldição será doravante símbolo da salvação como nos ensina São Paulo:

“A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina”. (I Cor 1,18); “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”. (Gal 6,14); “Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz”. (Col 2,15).

O Sagrado Magistério da Igreja nos ensina que:

"Sua sanctissima passione in ligno crucis nobis iustificationem meruit - Por sua santíssima Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação", ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como "princípio de salvação eterna". E a Igreja venera a Cruz, cantando: crux, ave, spes unica - Salve, ó Cruz, única esperança". (Catecismo da Igreja Católica § 617)

Iluminados por essa Santa Palavra do Senhor possamos confiar-nos sempre a Ele, fazendo assim como o Cristo, a vontade do Pai: “Davi punha toda a sua esperança no futuro Redentor, dizendo: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito; pois vós me remistes, Senhor Deus da verdade” (Sl 39,6). Quanto mais nós devemos confiar em Jesus Cristo, que já realizou a nossa redenção? Digamos-lhe, pois, com grande confiança: “Vós me remistes, Senhor, por isso em vossas mãos encomendo o meu espírito.” (LIGÓRIO, Afonso M. de. Op.cit, p.25).

Salve, ó Cruz, única esperança!
Crux, Ave, Spes Única

________________________
Referências Bibliográficas

AQUINO, Felipe. As Sete Palavras de Cristo na Cruz. Lorena-SP: Cléofas, 2005.

Bíblia Sagrada. 14º Ed. São Paulo: Ave Maria, 1998.

Catecismo da Igreja Católica – Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.

LIGÓRIO, Afonso M. de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vol. II, Ed.PDF, Fl. Castro, abril 2002.

Papa João Paulo II. Carta aos Sacerdotes por ocasião da Quinta Feira Santa de 1998, Vaticano, 25/03/1998.

Papa Leão XIII. Carta Encíclica Adiutricem Populi, Roma, 25/09/1895.
 
 ___________________________________________
Observação: Todos os grifos do artigo são do autor.