terça-feira, 30 de junho de 2009

TER SEMPRE MINHA IMAGEM REFLETIDA NA ÂMBULA



Por Celito Garcia

“Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor.” (2Cor 3,18)

Tenho o costume diário de depois do meu dia de trabalho ficar uma hora em adoração ao Santíssimo Sacramento na capela da Paróquia Santa Luzia aqui em Votuporanga antes da celebração. A celebração inicia às dezenove horas então tenho tempo de adorar Jesus Sacramentado antes da celebração, isso já se tornou um hábito graças a Deus.

Muitas vezes cheguei à capela sem vontade de adorar, sem ter o que falar pra Jesus, cheio de preguiça e sem vontade nenhuma de estar ali, mas mesmo sem vontade eu estava ali, então da maneira que me encontrava adorava Jesus.

A verdadeira adoração se da quando oferecemos nosso sacrifício de louvor sem máscaras a Deus.

Em algumas ocasiões fiquei por todo tempo em silêncio somente olhando pro sacrário, outras vezes passei o tempo reclamando pra Jesus das tribulações da vida, desabafei, escutei, falei, adorei, até cantei – mesmo que desafinado – pra Jesus.

Intimidade com Deus. É isso que a adoração nos proporciona.

Dentro dessas experiências bonitas que tenho tido com Jesus na Capela, um dia durante a celebração Deus falou comigo.

Antes de distribuir a comunhão o celebrante deixa por alguns minutos a âmbula com Jesus no altar pra podermos adorá-lo. Ficamos todos por um tempo adorando Jesus, quando olhei atentamente para a âmbula vi meu reflexo nela, no mesmo instante lembrei-me do que havia dito São Paulo aos Coríntios “refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem”, percebi que literalmente eu tinha minha imagem refletida no santo objeto que guardava a Glória de Deus, a vitória de Deus que é Jesus. Percebi então que se quero dia após dia me parecer com Jesus e me ver transformado em sua imagem me é necessário ter sempre a minha imagem refletida na âmbula, adorar Jesus o máximo que puder. Se, quero me parecer com Jesus necessito estar com ele todos os dias, e não tem lugar melhor que um sacrário.

Temos que adorar Jesus com nosso rosto descoberto, sem máscaras, ou então a imagem que será refletida no Senhor é uma imagem mentirosa, como se estivéssemos adorando a Deus com um saco de papel na cabeça, não estaríamos nos mostrando a Deus exatamente como somos. Se estivermos irados, deixemos refletir nossa ira, se estamos preocupados, deixemos refletir toda nossa preocupação, quando não deixamos nossa imagem ser refletida em Jesus, corremos o risco de deixar refletir em pessoas que muitas vezes não pode nos ajudar, e na maioria das vezes acabam nos prejudicando mais. Quando for adorar Jesus adore-O com o rosto descoberto!

Quanto mais adorarmos a Jesus, mais deixaremos transparecer Sua glória em nós. Deixaremos transparecer para as outras pessoas o nosso amor por Jesus, nossa intimidade com Deus. Nós só podemos ter em nós o reflexo de Deus se realmente nosso espelho – nossa vida – estiver voltado para ele. Um sorriso nosso poderá converter pessoas, um aperto de mão poderá curar pessoas, uma abraço pode ser o milagre esperado por algum moribundo, pois não estamos mais refletindo nossa natureza pecadora para as pessoas e sim a imagem do Senhor no qual agora estamos transformados.

Quando olhamos para uma luz muito forte nossa visão fica ofuscada, e por alguns instantes não conseguimos enxergar direito, quando refletirmos para os irmãos a glória de Deus acontece a mesma coisa, quanto mais resplandecente for a imagem de Deus refletida na vida dos outros, mais o pecado ficará ofuscado. Quanto mais adorarmos a Deus, mais resplandecente será o reflexo da glória de Deus em nossa vida!

Nossa adoração tem sempre que ser dirigida pelo Espírito Santo, pois tudo acontecerá sob a ação do Espírito Santo. Podemos adorar vazios de vontade, vazios de esperança, vazios de alegria, vazios, mas sempre cheios do Espírito Santo.

Somos templos do Espírito Santo (1Cor 6,19) o fogo de Deus esta em nós. Quando estamos vazios em nossa adoração precisamos da ajuda do Espírito Santo, somente ele pode incendiar a nossa oração. Quando fores adorar sem vontade coloque combustível em sua adoração, ore em línguas por alguns instantes, peça o Batismo no Espírito, quanto mais combustível oferecer ao Espírito Santo, mais suas adorações serão incendiadas pelo poder de Deus, pois não tem como ter o rosto descoberto, refletir a glória do Senhor como num espelho em nossa vida, nos ver transformado na imagem de Deus, e cada dia esta imagem ser mais resplandecente, se não for sob a ação do Espírito Santo.

Quanto mais adorarmos a Deus, mais seremos parecidos com Ele. Para isso é preciso ter sempre nossa imagem refletida na âmbula.

Seja um adorador, pois chegará a hora em que não contemplaremos o senhor sobre um reflexo, e sim face a face! Oh Glóriaaaaaaa!

“Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.” (1Cor 13,12)

Celito Garcia
RCC – Votuporanga - SP

segunda-feira, 22 de junho de 2009

CRISTÃO E A CORRENTE QUE LIGA A DEUS A ORAÇÃO


Por Denilson Moretti

O cristão cria essa identidade, quando assume na sua vida Jesus, mas muitos que se intitula cristão não tem essa intimidade ou essa corrente que liga a Deus pra ser verdadeiramente um cristão. Na palavra diz “orai sem cessar” (I Tess 5, 17), para nós ter essa intimidade com o Senhor estar em contato com Ele, saber o q Ele quer, escutar a voz dEle e sofrer as conseqüência desse amor próximo.

Muitas vezes nós se deparamos vivendo essa situação em nossa caminhada sempre orando de uma forma que se você se colocar no lugar de Deus você mesmo não escutaria a sua própria oração, uma oração rotineira que gerou um habito sempre as mesmas palavras todo o dia ou de vez em quando.

Ou muitas vezes nós se tornamos cristãos só de nome que vai à missa freqüente aos domingos, mas não tem uma vida de oração. Ou nós se tornamos pessoas de caminhada há vários anos q acaba sendo referencia para os novos cristãos e dão contra testemunho de uma vida não digna de cristãos.

O Senhor nos chama a ter uma vida de oração “sem cessar” (I Tess 5,17), para q a palavra do próprio evangelho se cumpra em nossas atitudes como diz o próprio Jesus. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai (Jo 15,15)”.

A oração que é essa corrente que liga a Deus, corrente porque quando ora com toda a sinceridade e humildade de coração ela penetra as nuvens (Eclo 35, 21) e não tem nada no mundo ou nos infernos que pode romper essa oração que vai diretamente ao coração de Deus.

Não se preocupeis em falar palavras bonitas, mas orai o que é necessário mesmo na enfermidade, não se prende em só pedir a cura, mas ora para ter essa intimidade com o Senhor que pode curar, porque na relação com o Senhor na intimidade a conseqüência gerar a cura. Não tenhas uma relação com o Senhor só de necessidade, que ora quando necessita de algo, mas tenha uma relação de amigo com Ele. Tenha um amigo que tudo pode na sua vida e não a um comerciante que da o que você precisa.

Deus não se enquadra na nossa vida, mas nós se enquadramos na vida do Senhor.

Voltemos a orar com intimidade onde em nossa boca saia mais louvores do que petição.

Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne (Gal 5,16).
Sede um homem ou uma mulher espiritual e não carnal.

“Senhor concede-nos a graça de ter essa intimidade e não permita q essa cultura pagã manche a nossa fé, renova-nos com teu Espírito nos fazendo novo, com uma fé nova, vida nova e um relacionamento novo. Vem Espírito Santo sobre nós!”

Que a paz d Jesus esteja no teu coração e o fogo do Espírito alimente a sua fé.

Paz e fogo!

Denílson B. Moretti
RCC Votuporanga-SP

segunda-feira, 15 de junho de 2009

DEUS NOS DEU MARIA PRA NOS DAR JESUS


Por Celito Garcia

“Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”. (Is 7,14)

Infelizmente ainda nos dias de hoje, ecoa entre muitos cristãos a frase “Maria é uma mulher qualquer”. Também infelismente nos dias de hoje, muitos cristãos buscam a Jesus somente quando existe a necessidade de um “sinal”. Buscam a Jesus quando necessitam de mais conforto em suas vidas, necessitam ser curados de alguma infermidade, buscam quando precisam de algo que torne sua vida melhor, mais “próspera”. Em meio a essa busca por uma vida melhor – olhando para Jesus como se o próprio fosse dono de um supermercado de bençãos – acabam escutando o eco: “Maria é uma mulher qualquer, não precisamos de sua intercessão”.

Não duvido que Jesus queira dar uma vida melhor para nós – com certeza ele quer – o erro esta em buscar Jesus somente para satisfazer nossas vontades. Deus é muito mais do que um distribuidor de bençãos! Temos que ter muito cuidado para não querer as coisas de Deus segundo a “nossa” vontade. Se assim fosse deveríamos então mudar a oração do Pai nosso: “Fazei a nossa vontade aqui na terra como no céu”.

Voltando nosso olhar para os sinais de Deus, encontramos uma mulher. Deus nos deu uma mulher como sinal, por onde viria Jesus nosso Salvador.

Falar que Maria é uma mulher qualquer e que nem precisamos dela para a nossa salvação é um grande erro. O profeta Isaias no texto em que iniciamos essa reflexão usou a fraze “o próprio Senhor vos dará” um sinal. Deus nos deu Maria para nos dar Jesus!

O Pai tem poder para ter nos enviado seu filho até de uma pedra se ele quisesse, poderia até ter enviado Jesus já adulto só para realizar sua missão salvadora. Jesus iniciou sua vida ministerial com 30 anos. Os anos anteriores Jesus ficou sob os cuidados de Maria. Foi Maria quem cuidou da educação de Jesus, que alimentou Jesus. Antes de Maria cuidar das enormes feridas da paixão de Jesus ela cuidou dos seus pequenos ferimentos causados por suas travessuras de menino quando brincava com as outras crianças.

Existe uma grande revelação de Deus nessa reflexão. Antes de Jesus iniciar sua vida ministerial, ele ficou sobre os cuidados de Maria. É por isso que a Igreja Católica mesmo com toda perseguição que cerca a sua história nunca foi abalada (Mt 16,18), porque esta sob os cuidados de Maria, ela cuida da Igreja como cuidava de Jesus.

Existe uma grande certeza quando refletimos que Deus quis precisar de Maria como cooperadora em nossa Salvação: não existiria o cristianismo se Maria não tivesse dado seu sim. Com isso podemos dizer que não existe Cristianismo sem Maria!

Maria estava nos planos de Deus, Ele sabia que maria aceitaria, pois é portador de toda ciência e sabedoria. Não acredito que poderia existir outra mulher se porventura Maria tivesse dado uma resposta negativa.

Devemos portanto olhar nossa vida de Cristão, e perceber se aceitamos por inteiro o plano de Salvação, ou se apenas queremos aceitar metade dele. Negar Maria é o mesmo que afirmar: “Deus estava errado”!

Se a moda entre alguns Cristãos é buscar “sinais” e milagres, desejo e oro pra que encontrem um grande sinal que nós Católicos desde Pedro encontramos, a mulher. Mulher que deu o salvador (Is 7,14), a mulher que pisou na cabeça da serpente (Gn 3,15), a mulher cheia do Espírito Santo (Lc 1,41), a mulher que antecipou a hora de Jesus se manifestar (Jo 2,1-11), a mulher que venceu o dragão na grande batalha (Ap 12,1-18). Essa mulher se chama Maria a mãe do meu Senhor e minha.

Deus te deu Maria, para te dar a salvação, Jesus!

Que a mãe de Jesus e nossa mãe, continue cuidando de nossas vidas como cuidava de Jesus.

Salve Maria!

Celito Garcia
RCC de Votuporanga - SP



segunda-feira, 8 de junho de 2009

QUERES EVANGELIZAR O MUNDO? COMEÇE PRIMEIRAMENTE POR VOCÊ!


Por Danilo O. Hernandes


Olá irmãos, a paz de Jesus, meu nome é Danilo, sou de Monte Aprazível - SP, paróquia N.S. de Fátima, servo do ministério de música e do grupo de oração da igreja São José, tenho 18 anos, e tenho o Ministério Jovem de Votuporanga – SP como uma nova família que amo muito, e é com muita felicidade que escrevo neste blog do Celito, e venho falar um pouco sobre Evangelizar, espero que vocês gostem, e que Deus toque no coração de vocês, Boa Leitura!!

QUERES EVANGELIZAR O MUNDO? COMEÇE PRIMEIRAMENTE POR VOCÊ!

“Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.” (Mt 7, 3-5)

Irmãos, nós queremos evangelizar o mundo, queremos fazer a diferença, mas para isso devemos primeiro mudar dentro de nós, tirar as traves dos nossos olhos, mudar dentro do nosso coração, tirar todas as barreiras que nos impedem de alcançar a graça de Deus. Se realmente você quer evangelizar, pois então primeiramente evangelize a si próprio, pois você também faz parte do mundo, “Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão”.
Muitas vezes nós olhamos muito as palhas dos outros, e deixamos de olhar para as nossas traves, para nossas dificuldades, limitações, preocupações, situações difíceis, e vivemos atolando em nossas sujeiras, e querendo limpar a sujeira do irmão, e com isso nós não saímos do lugar, não conseguimos evangelizar nada.

Isso que eu falo irmãos, não é uma questão de apenas pensar em si mesmo, mas sim em uma questão de ajudar o próximo, evangelizar, mas começando por nós, nos preparando, purificando na água do batismo, deixando todas as traves para trás, e ungindo com a unção que vem dos céus, através da humildade, do perdão, do amor, e da comunhão com Nosso Senhor Jesus Cristo, pedindo para que Ele seja nosso único Deus e que reine na nossa vida, assim podendo se abrir inteiramente a graça de Deus e ao SIM que devemos dar ao nosso chamado.

Um fato muito importante que acontece também irmãos, é a nossa família, é muito importante para que sempre rezemos pela nossa casa, nossos familiares, pois podemos muito bem estar morando em um lugar dominado pelo demônio, por mais que você seja um servo fiel, de muita unção, mas que não reza pela sua casa, você está dando aberturas para o demônio entrar na sua família, e com isso trazer discórdia, tristeza, o pecado, desunião, dentre outras, e assim ele conseguir destruir a sua família, pois o demônio não quer ver famílias unidas, cheias de amor, felizes, pelo contrario ele quer é ver famílias destruídas, e por isso ele sempre age naquele que está mais fraco, pois é através dessa pessoa que ele vai conquistando seu espaço nas famílias. Por isso irmãos consagrem diariamente a sua casa a Nossa Senhora, aquela que esmagou a cabeça da serpente (satanás), clame para que o Espírito Santo faça da sua casa uma morada, reze pela conversão de seus familiares, e também pela sua conversão.

Irmãos a nossa conversão é diária, dia-a-dia estamos em processo de conversão, e para que isso aconteça devemos nos entregar de corpo e alma a Jesus, para que ele nos lave com a água do batismo, nos de forças, nos restaure pelo seu sangue poderoso, nos de novos dons, unção, ousadia, e para que acenda cada dia mais e mais a chama do Espírito Santo, e que possamos estar levando a palavra de Jesus para esse mundo, e mostrando a todos como viver em Deus é maravilhoso, e a palavra de Deus nos diz, "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares". (Ef 6,12)

Por isso irmãos, eu digo a todos vocês, vamos nos preparar, tirar as traves dos nossos olhos, receber o Espírito Santo, e anunciar a Palavra de Deus!

Fiquem na paz de Jesus, Salve Maria e Oh Glória!

Danilo O. Hernandes
RCC de Monte Aprazível

terça-feira, 2 de junho de 2009

A ORIGEM DA IGREJA E DO PAPADO


Por Dom Estêvão Bettencourt, OSB


Há quem diga que o título de Católica só foi atribuído à Igreja pelo Concílio de Constantinopla I em 381 por decreto do Imperador Teodósio - alegação esta desmentida pelo fato mesmo de que já S. Inácio de Antioquia, nos primeiros anos do século II, falava de Igreja Católica. Quanto ao termo Papa, só foi aplicado ao Bispo de Roma no século V de maneira enfática; todavia a função de Pedro como chefe do colégio apostólico já está delineada nos escritos do Novo Testamento; no caso, o que importa não é o nome, mas o exercício da função.



O seguinte artigo de um jornal deixou vários leitores confusos. Daí então, vamos as respostas.


A ORIGEM DO VATICANO E DO PAPA: A Igreja recebeu o nome de "católica" somente no ano 381, no Concílio "Conctos Populos" dirigido pelo imperador romano Teodósio. Devido às alterações que fez, deixou de ser apostólica e não sabemos como pode ser romana e universal ao mesmo tempo. (Hist. Ecles., I pg. 47, Riva ux). Até o século V não houve "papa" como conhecemos hoje. Esse tratamento de ternura começou a ser aplicado a todos os bispos a partir do ano 304. (Cônego Salin, Ciência e Religião. Tom. 2 pg. 56).



O texto em foco contém várias imprecisões (para não dizer vários erros), como se evidenciará nas linhas seguintes.



1. Igreja Católica: desde quando?



A expressão "Igreja Católica" não tem origem no fim do século IV, mas encontra-se sob a pena de S. Inácio, Bispo de Antioquia (+107 aproximadamente), que nos primeiros anos do século II escrevia: "Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica" (Aos Esmlrnenses 8,2).



A expressão "católica" parece designar, em primeira instância, a universalidade da Igreja (ela está em toda parte, e não somente nesta ou naquela comunidade). Todavia os intérpretes do texto julgam que algo mais está dito aí: S. Inácio terá tido em vista a Igreja autêntica, verdadeira, perfeita. Desde fins do século II se torna freqüente o sentido de universal, sem, porém, excluir o de autêntica, isto é, portadora de todos os meios de salvação instituídos por Cristo. Esta segunda acepção se tornava necessária pelo fato de haver correntes ou "igrejinhas" heréticas, separadas da Igreja grande, nos primeiros séculos (como até hoje as há).



O sentido de "autêntica" atribuído ao adjetivo "católica" encontra-se regularmente nos escritos dos primeiros séculos. A partir do século III, pode-se dizer que "católica" significa a verdadeira Igreja, esparsa pelo mundo ou também alguma comunidade local que esteja em comunhão com a Grande Igreja. Quanto à origem da palavra "católico", é preciso procurá-la no grego profano. Com efeito; para Aristóteles (+322 a.C.), "kath'holon" significa "segundo o conjunto, em geral"; o vocábulo é aplicado às proposições universais. O filósofo estóico Zenon (+262 a.C.) escreveu um tratado sobre os universais intitulado "katholiká"; são católicos os princípios universais. Políbio (+128 a.C.) falou da história universal em comum, dizendo-a "Tès katholikès kal koinès Historias". Para o judeu Filon de Alexandria (+44 d.C), "katholikós" significa "geral", em oposição a "particular"; os deuses astrais da Síria eram ditos "katholikoí". Tal vocábulo é, pela primeira vez (como dito), aplicado à Igreja por S. Inácio de Antioquia (+107 aproximadamente).



2. Que houve então em 381?



Em 381 realizou-se o Concílio Geral de Constantinopla, que repetiu a fórmula Igreja Católica, professando: "Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica". O Concílio nada inovou; apenas reiterou a fórmula antiga.



Põe-se então a pergunta: que dizer do mencionado decreto do Imperador Teodósio? Impõe-se notar logo que o decreto data de 380, e não de 381. Com efeito; sob Teodósio I (379-95), que reinou no Oriente do Império Romano, registraram-se acontecimentos importantes. Aos 28/02/380, o Imperador assinou um decreto que tornava oficial a fé católica "transmitida aos romanos pelo apóstolo Pedro, professada pelo Pontífice Dâmaso e pelo Bispo de Alexandria, ou seja, o reconhecimento da Santa Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Com estas palavras, Teodósio abraçava, para si e para o Império, o Credo que, proveniente dos Apóstolos, era professado então pelo Papa Dâmaso (366-84) e pelo Bispo S. Atanásio de Alexandria, grande defensor da fé ortodoxa na controvérsia contra os arianos. Assim o Cristianismo, que Constantino I tornara lícito em 313, era feito religião oficial do Império Romano.



"Não sabemos como a Igreja pode ser romana e universal". - O título "romana" não implica nacionalismo nem particularismo. É apenas o título que indica o endereço da sede primacial da Igreja. Na verdade, a Igreja, atuando neste mundo, precisa de ter seu endereço ou seu referencial postal, que é o do Bispo de Roma, feito Chefe visível por Cristo. Por conseguinte a Igreja Católica recebe o título de "Romana" sem prejuízo para a sua catolicidade ou universalidade. De modo semelhante, Jesus, Salvador de todos os homens, foi dito "Nazareno", porque, convivendo com os homens, precisava de um endereço, que foi a cidade de Nazaré.



3. Apostolicidade



Diz a notícia de jornal: "Devido às alterações que fez, a Igreja deixou de ser apostólica".



Em resposta, torna-se oportuno, antes do mais, examinar o que signifique o atributo "apostólica" aplicado à Igreja. Já no Novo Testamento se encontra a noção de que o patrimônio da fé não chega aos fiéis como algo descido do céu diretamente, mas, sim, como algo que parte do Pai, passa por Jesus Cristo, pelos Apóstolos e, finalmente, chega a cada indivíduo no seu respectivo tempo. Assim, por exemplo, Jo 1, 1-3: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida... nós vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que vos apareceu". Cf. Jo 17, 7s; 20, 21; Mt 28, 18-20; Rm 10, 13-17; 2Tm 2, 2; Tt 1, 5.



Os primeiros escritores da Igreja retomaram e estenderam essa série de comunicações ou missões. Assim lemos em Tertuliano: "Sem dúvida, é preciso afirmar que as igrejas receberam dos Apóstolos; os Apóstolos receberam de Cristo, e Cristo recebeu de Deus" (De Praescriptione Haereticorum 21, 4). Os antigos davam grande apreço às listas de Bispos que houvessem ocupado uma sede outrora fundada ou governada por um Apóstolo. S. Ireneu de Lião (+202) é o autor de um desses catálogos: "Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Contra as Heresias III,2,1s).



Com outras palavras: para os antigos, a Igreja é uma comunidade que teve início com os Apóstolos, mas está destinada a se prolongar até o fim dos tempos, de modo que Ela não é senão o desabrochamento do cerne dos Apóstolos. Vejam-se as palavras de Tertuliano (+220 aproximadamente): "Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem... Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério" (De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9).



A necessidade de distinguir das correntes cismáticas a verdadeira Igreja de Cristo provocou a acentuação e a utilização mais e mais freqüente do predicado da apostolicidade: a Igreja verdadeira vem de Cristo mediante os Apóstolos, ao passo que as correntes heréticas e as seitas não podem reivindicar para si o título de apostólicas. A partir do século XII começaram a aparecer pequenos tratados sobre a Igreja Apostólica frente às seitas dissidentes. Aliás, foram as heresias que provocaram a publicação de tratados explícitos sobre a Igreja.



No século XVI a apologética católica, frente à reforma protestante, explanou largamente a origem apostólica da Igreja Católica. Os teólogos puseram em evidência que aqueles que se afastam da Igreja fundada por Cristo e entregue aos Apóstolos, é que perdem o direito de constituir a Igreja Apostólica. Os reformados têm um fundador humano para cada uma de suas denominações, que pretende recomeçar a história do Cristianismo séculos após a geração dos Apóstolos, portanto sem o clássico caráter de apostolicidade.



Quanto às "alterações" na Igreja, não são mais do que o desabrochar da semente lançada por Cristo. A árvore plenamente desenvolvida é da mesma natureza que a própria semente, e vice-versa. Tal desabrochamento - lógico e necessário - foi acompanhado pelo Espírito Santo prometido por Jesus à Igreja (cf. Jo 14, 26; 16, 13-15) para que conserve e transmita incólume o depósito da fé. Caso o Senhor não tivesse providenciado essa garantia de fidelidade e autenticidade através dos séculos, teria sido vão o seu sacrifício na Cruz. É, pois, necessário dizer que na Igreja Apostólica (fundada por Cristo e entregue aos Apóstolos) se mantém viva e pura a mensagem apregoada pelo Divino Mestre.






4. Origem do Papado



Lê-se no citado tópico de jornal: "Até o século V não houve Papa como conhecemos hoje" - A resposta a esta afirmação dependerá de como entender a expressão "Papa como conhecemos hoje". Se entendemos que se trata de Papa com uso dos meios de comunicação modernos (televisão, rádio, internet ...) e viagens aéreas, está claro que não houve Papa de tal tipo na Antigüidade. Todavia, se se entende Papa no sentido de chefe visível da Igreja, encontra-se tal figura já nos escritos do Novo Testamento. Com efeito; Pedro aí aparece como aquele a quem Jesus confia as chaves do reino dos céus (cf. Mt 16, 17-19) e entrega o pastoreio das suas ovelhas (cf. Lc 22, 31 s; Jo 21, 15-17). O aspecto bíblico da questão já foi repetidamente abordado [...]. Sejam acrescentados alguns traços significativos da história da Igreja.



Não se pode esperar encontrar nos primeiros séculos um exercício do Papado (ou das faculdades entregues por Jesus a Pedro e seus sucessores) tão nítido quanto nos séculos posteriores. As dificuldades de comunicação e transporte explicam que as expressões da função papal tenham sido menos freqüentes do que em épocas mais tardias. Como quer que seja, podemos tecer a história do exercício dessas funções nos seguintes termos: A Sé de Roma sempre teve consciência de que lhe tocava, em relação ao conjunto da Igreja, uma tarefa de solicitude, com o direito de intervir onde fosse necessário, para salvaguardar a fé e orientar a disciplina das comunidades. Tratava-se de ajuda, mas também, eventualmente, de intervenção jurídica, necessária para manter a unidade da Igreja. O fundamento dessa função eram os textos do Evangelho que privilegiam Pedro, como também o fato de que Pedro e Paulo haviam consagrado a Sé de Roma com o seu martírio, conferindo a esta uma autoridade singular.



Eis algumas expressões do primado do Bispo de Roma:


• No século II houve, entre Ocidentais e Orientais, divergências quanto à data de celebração da Páscoa. Os cristãos da Ásia Menor queriam seguir o calendário judaico, celebrando-a na noite de 14 para 15 de Nisã (daí serem chamados quartordecimanos), independentemente do dia da semana, ao passo que os Ocidentais queriam manter o domingo como dia da Ressurreição de Jesus (portanto, o domingo seguinte a 14 de Nisã); o Bispo S. Policarpo de Esmirna foi a Roma defender a causa dos Orientais junto ao Papa Aniceto em 154; quase houve cisão da Igreja. S. Ireneu, Bispo de Lião (Gália) interveio, apaziguando os ânimos. Finalmente o Papa S. Vítor (189-198) exigiu que os fiéis da Ásia Menor observassem o calendário pascal da Igreja de Roma, pois esta remontava aos Apóstolos Pedro e Paulo.



Aliás, S. Ireneu (+202 aproximadamente) dizia a respeito de Roma: "Com tal Igreja, por causa da sua peculiar preeminência, deve estar de acordo toda Igreja, porque nela... foi conservado o que a partir dos Apóstolos é tradição" (Contra as Heresias 3, 2). Muito significativa é a profissão de fé dos Bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África que aderiram ao cisma de Novaciano, rigorista, mas posteriormente resolveram voltar à comunhão da Igreja sob o Papa S. Cornélio em 251: "Sabemos que Cornélio é Bispo da Santíssima Igreja Católica, escolhido por Deus todo-poderoso e por Cristo Nosso Senhor. Confessamos o nosso erro... Todavia nosso coração sempre esteve na Igreja; não ignoramos que há um só Deus e Senhor todo-poderoso, também sabemos que Cristo é o Senhor...; há um só Espírito Santo; por isto deve haver um só Bispo à frente da Igreja Católica" (Denzinger-Schõnmetzer, Enchiridion 108 [44]).


• O Papa Estevão I (254-257) foi o primeiro a recorrer a Mt 16, 16-19, ao afirmar contra os teólogos do Norte da África, que não se deve repetir o Batismo ministrado por hereges, pois não são os homens que batizam, mas é Cristo que batiza. A partir do século IV, o recurso a Mt 16, 16-19 se torna freqüente. No século V, o Papa Inocêncio I (401-417) interveio na controvérsia movida por Pelágio a respeito da graça; num de seus sermões S. Agostinho respondeu ao fato, dizendo: "Agora que vieram disposições da Sé Apostólica, o litígio está terminado (causa finita est)" (serm. 130, 107).



No Concílio de Calcedônia (451), lida a carta do Papa Leão I, a assembléia exclamou: "Esta é a fé dos Pais, esta é a fé dos Apóstolos. Pedro falou através de Leão".


• O Papa Gelásio I declarou entre 493 e 495 que a Sé de Pedro (romana) tinha o direito de julgamento sobre todas as outras sedes episcopais, ao passo que ela mesma não está sujeita a algum julgamento humano. Em 501, o Synodus Palmaris de Roma reafirmou este princípio, que entrou no Código de Direito Canônico: "Prima sedes a nemine iudicatur, - A sé primacial não pode ser julgada por instância alguma" (cânon 1629). Em suma, quanto mais o estudioso avança no decurso da história da Igreja, mais nitidamente percebe a configuração do primado de Pedro, ocasionada pelas diversas situações que o povo de Deus foi atravessando.



No tocante ao termo "Papa" deve-se dizer que vem do grego "pappas" = "pai". Nos primeiros séculos era título atribuído aos Bispos como expressão de afetuosa veneração, veneração que se depreende dos adjetivos "meu..., nosso..." que acompanham o título. A mesma designação podia ser ocasionalmente atribuída também aos simples presbíteros (pais), como acontecia no Egito do século IV. No Oriente ainda hoje o sacerdote é chamado "papas". No Egito o "papas" por excelência é o Patriarca de Alexandria.



O título de papa é dado ao Bispo de Roma já por Tertuliano (+220 aproximadamente) no seu livro De pudicitia XIII 7, onde se lê: "Benedictus papa". É encontrado também numa inscrição do diácono Severo (296-304) achada nas catacumbas de São Calixto, em que se lê: "iussu p(a)p(ae) sul Marcellini" (="por ordem do Papa ou pai Marcelino"). No fim do século IV a palavra Papa aplicada ao Bispo de Roma começa a exprimir mais do que afetuosa veneração; tende a tornar-se um título específico. Tenha-se em vista a interpelação colocada por S. Ambrósio (+397) numa de suas cartas: "Domino dilectissimo fratri Syriaci papae" (="Ao senhor diletíssimo irmão Siríaco Papa") (epístola 42). O Sínodo de Toledo (Espanha) em 400 chama Papa (sem mais) o Bispo de Roma. São Vicente de Lerins (falecido antes de 450) cita vários Bispos, mas somente aos Bispos Celestino I e Sixto III atribui o título de Papa.



No século VI o título tornou-se, com raras exceções, privativo dos Bispos de Roma.


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