segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Introibo ad altare Dei - Santa Missa na forma extraordinária do Rito Romano

Salve Maria!
Santa Missa na forma extraordinária do Rito Romano, celebrada por Dom Reto Nay na Igreja Paroquial Sogn Vigeli em Sedrun / Tujetsch no cantão suíço dos Grisões.


Pax et Ignis!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pe Paulo Ricardo responde acusações sobre a Igreja!

Salve Maria!
Pra quem ainda não viu, segue um vídeo do grande Pd. Paulo Ricardo respondendo a um "tiroteio" de perguntas feitas por um protestante.


Pra quem quer aprender uma teologia fiél ao Magistério e a Tradição da Igreja Católica acessem o site do Pe. Paulo Ricardo. Para os assinantes existe um conteúdo exclusivo. Vale a pena!


Pax et Ignis!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Bento XVI e os "Preservativos"


Erro de tradução no livro do Papa troca "prostituto" por "prostituta"

CIDADE DO VATICANO — O texto original em alemão do livro de entrevistas com Bento XVI, no qual o Papa justifica em "algunos casos" o uso do preservativo, fala de "prostituto" e não de "prostituta", como foi traduzido por erro na versão italiana, segundo fontes eclesiásticas.

No texto alemão, aprovado pelo pontífice, o chefe da Igreja Católica considera que, em "alguns casos", o uso do preservativo está justificado e dá como exemplo "quando um prostituto utiliza um profilático".

Segundo as mesmas fontes, o erro na tradução para o italiano, cujos trechos foram divulgados pelo jornal da Santa Sé, L' Osservatore Romano, se deveu a "motivos de rapidez e será corrigido nas próximas edições".

Para o jornal Il Corriere della Sera, que cita fontes do Vaticano, o erro "não altera a substância" da declaração do Papa sobre os casos específicos em que se justifica seu uso.

O erro de tradução causou uma onda de comentários em inúmeros blogs e sites, já que os internautas questionaram as razões pelas quais o Papa dá como exemplo um prostituto, que seria minoria no exercício da prostituição.

Fonte: clique aqui


Perito vaticano explica postura do Papa sobre preservativos

Pe. Carlos Simón com o Papa Bento XVI.- O Sub-secretário do Pontifício Conselho para a Família, Pe. Carlos Simón, explicou que "não há nenhuma novidade" na postura do Papa Bento XVI sobre os preservativos no novo livro-entrevista que será apresentado nesta terça-feira 23 de novembro no Vaticano.

No livro "Luz do Mundo" do jornalista alemão Peter Seewald, o Papa expõe como exceção para o uso do preservativo o caso dos varões que se prostituem, como figura no texto original em alemão e a tradução ao inglês, que difere do que foi publicado pelo L’Osservatore Romano que em italiano usa o termo prostituta. A confusão se agravou quando diversos meios de comunicação difundiram este fragmento do livro fora de contexto e o apresentaram como uma mudança na doutrina da Igreja em matéria de sexualidade.

Em uma entrevista com o jornal espanhol La Razón, o Pe. Simón, médico e sacerdote, recordou que o Santo Padre já explicou na sua viagem a África em 2009 a postura da Igreja sobre luta contra a AIDS: a estratégia se fundamenta na promoção da abstinência e da fidelidade; e precisou que nas declarações do Papa a Seewald "não há nenhuma novidade".

"Desde o ponto de vista do meu dicastério não há mudanças: todo ato que não esteja dentro do matrimônio é já uma desordem objetivo. O que deve ser procurado é que este seja o menos mau possível", insistiu.

"O Papa já disse naquela viagem (à África) que na luta contra a AIDS a estratégia da Igreja era a abstinência, a fidelidade e a camisinha. As duas primeiras são formas de lutar contra a AIDS, como assinala o Papa, no contexto da educação e da não-trivialização da sexualidade. Como última via escapatória está o preservativo, nos casos onde as outras duas opções não se puderam desenvolver", explicou.

Do mesmo modo, considerou que "deve-se distinguir quando o Pontífice diz algo de modo coloquial do que quando ele o faz de maneira pedagógica ou em uma expressão de toda sua autoridade, como em uma encíclica. Não há contradição neste assunto".

"O que materialmente disse o Papa neste livro é que nos casos em que nem a abstinência nem a fidelidade puderam ser seguidas, que é a via pela qual aposta a Igreja, existe esta última opção. Uma pessoa pode fazer uso do preservativo de forma responsável para não contagiar nem produzir um mal que danifique a vida".

O Pe. Simón sublinhou que as declarações do Papa "entram dentro da tradição da teologia moral da Igreja. Para esta o ato sexual se entende dentro do contexto de uma relação conjugal. Aí é onde se aplica a moralidade. Todo ato fora do matrimônio a Igreja o rechaça como algo desordenadamente grave. Entramos, em um campo da saúde, trata-se de um terreno onde há um possível contágio".

O sacerdote esclareceu que o pecado é ter relações sexuais fora do matrimônio e "o preservativo então é um mal menor que evita um possível contágio. Em caso de que não haja este perigo é uma desfiguração de uma relação já alterada porque não esqueçamos que se trata de um anticoncepcional".

Para a Igreja, explicou, "os atos sexuais devem ter lugar entre dois cônjuges e, portanto, quando se realizam fora do matrimônio têm uma desordem intrínseca. O que o Papa disse é que em alguns casos nos que há um risco seguro de contágio então está justificado o preservativo. Vejo a novidade no aspecto terminológico, não na idéia nem no contexto. O Papa não revolucionou nenhum ensino da Igreja. Assinala que não se deve banalizar a sexualidade. No caso de que já se haja produzido uma desordem, que para a Igreja é algo grave, deve-se que procurar que não haja um mal ainda mais intenso".

Logo depois de comentar que a Igreja não vai promover o uso do preservativo na luta contra a AIDS quando a abstinência e a fidelidade falham, o Pe. Simón recordou que "a Igreja segue o que o Papa diz quando afirma que se deve integrar a sexualidade na esfera do amor e da entrega. Bento XVI é um grande pensador e está preocupado por conseguir que haja uma harmonia no homem. A Igreja deve insistir nesta via, que é a mais difícil mas faz do homem um ser autêntico, não banal".

"A Igreja seguirá resistindo às pressões daqueles que pedem distribuição dos preservativos. Existe ademais dados científicos que assinalam que a receita da abstinência, a fidelidade e, só em terceiro lugar, o profilático, conseguiram objetivos muito positivos na luta contra a AIDS", acrescentou.

Fonte: ACI Digital



Papa Bento XVI não mudou a doutrina da Igreja sobre os preservativos, precisa porta voz vaticano

.- Em uma nota divulgada ontem, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, explicou que o Papa Bento XVI não mudou a visão católica sobre o uso do preservativo. Este, reiterou, não resolve o problema da AIDS: o que deve ser feito é trabalhar para erradicar a banalização da sexualidade para humanizá-la.

No texto que responde a diversas tergiversações dos meios de comunicação que informaram erroneamente que o Papa tinha "aceito a camisinha" no livro-entrevista "Luz do mundo", de Peter Seewald, que será apresentado esta terça-feira 23 de novembro no Vaticano, o Pe. Lombardi explica que no final do 11º capítulo do livro, o Papa responde a duas perguntas sobre a luta contra a AIDS e o uso dos preservativos, questões que dizem respeito à discussão que se seguiu após algumas palavras pronunciadas pelo Papa sobre o assunto durante a sua viagem à África em 2009.

Naquela oportunidade Bento XVI expressou claramente, sendo também tergiversado pelos meios, que a AIDS não se resolve com o preservativo mas com a humanização da sexualidade e uma proximidade especial a quem sofre.

A nota do Pe. Lombardi assinala que nesta ocasião "o Papa reafirma claramente que então, ele não quis tomar posição sobre a questão dos preservativos em geral, mas ele queria afirmar com força que o problema da AIDS não pode ser resolvido apenas com a distribuição de preservativos, porque é necessário fazer muito mais: prevenir, educar, ajudar, aconselhar, estar ao lado das pessoas, seja para que não fiquem doentes, seja no caso em que já estejam doentes".

Seguidamente assinala que "o Papa observa que também no âmbito não eclesial se desenvolveu uma consciência análoga, como resulta da chamada teoria ABC (Abstinence – Be Faithful – Condom) (Abstinência - Ser Fiel - Preservativo), na qual os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais na luta contra a AIDS, enquanto o preservativo aparece em último lugar como uma escapatória, quando faltam os outros dois. Deve, portanto, ser evidente que o preservativo não é a solução para o problema".

«O Papa amplia o seu olhar e insiste no fato que se concentrar apenas no preservativo equivale a banalizar a sexualidade, que perde o seu significado como expressão do amor entre pessoas e torna-se como uma “droga”. Lutar contra a banalização da sexualidade é “parte do grande esforço para que a sexualidade seja vista positivamente e possa exercer o seu efeito positivo sobre o ser humano na sua totalidade’», prossegue.

O sacerdote indica ademais que "à luz desta visão ampla e profunda da sexualidade humana e da sua problemática de hoje, o Papa reafirma que “naturalmente a Igreja não considera os preservativos como a solução autêntica e moral’ do problema da AIDS".

Com isto, acrescenta o porta voz, "o Papa não reforma ou altera o ensinamento da Igreja, mas o reafirma colocando-se na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade ".

Ao mesmo tempo, continua o porta voz vaticano, "o Papa considera uma situação excepcional na que a prática sexual represente um verdadeiro risco para a vida do outro. Neste caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas acredita que o uso de preservativos para reduzir o risco de contágio seja “um primeiro ato de responsabilidade, um primeiro passo na estrada para uma sexualidade mais humana, do que não usá-lo, expondo o outro ao perigo de vida".

"Nesse sentido, o raciocínio do Papa não pode ser definido como uma reviravolta revolucionária" precisa o jesuíta diretor da Sala Stampa.

Muitos teólogos morais e destacadas personalidades eclesiásticas, diz logo o Pe. Lombardi, "apoiaram e defenderem posições semelhantes; é verdade, porém, que ainda não tínhamos ouvido com tanta clareza da boca de um Papa, mesmo se em uma forma coloquial e não magisterial".

Finalmente a nota assinala que o Papa Bento XVI "dá-nos, então, com coragem, uma importante contribuição para o esclarecimento e aprofundamento sobre uma questão muito debatida. É uma contribuição original, porque de um lado mantém a fidelidade aos princípios morais e demonstra lucidez ao rejeitar um caminho ilusório como a “confiança no preservativo”; do outro, mostra, no entanto, uma visão compreensiva e de longo alcance, atenta a descobrir os pequenos passos - apesar de iniciais e ainda meio confusos – de uma humanidade espiritual e culturalmente muitas vezes muito pobre, em direção de um exercício mais humano e responsável da sexualidade".

Fonte: ACI Digital

TARDE TE AMEI - Santo Agostinho


"Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim. Como um animal buscava as coisas belas que tu criaste. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo. Mantinham-me atado, longe de ti, essas coisas que, se não fossem sustentadas por ti, deixariam de ser. Chamaste-me, gritavas-me, rompeste minha surdez. Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira. Exalaste o teu Espírito e aspirei o seu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz."

Santo Agostinho ( 354 - 430)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MARTÍRIO DE SÃO POLICARPO


HISTÓRIA ECLESIÁSTICA - EUSÉBIO DE CESARÉIA

LIVRO IV - XV

De como, nos tempos de Vero, Policarpo sofreu o martírio junto com outros da cidade de Esmirna

1. Neste tempo 279 morreu mártir Policarpo, quando enormes perseguições estavam perturbando a Ásia. Creio ser muito necessário incluir na narrativa da presente história o relato de seu fim, ainda conservado por escrito.

2. A carta está escrita em nome da Igreja que ele governava, para as igrejas de (todo) 280 lugar e declara o que se refere a ele nos seguintes termos:

3. "A igreja de Deus que peregrina281 em Esmirna à igreja de Deus que reside como forasteira em Filomelio e a todas as comunidades da santa Igreja católica, forasteiras em todo lugar: a misericórdia, a paz e o amor de Deus Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo se multipliquem. Nós vos escrevemos, irmãos, o que se refere aos que sofreram martírio e ao bem-aventurado Policarpo, que com seu martírio, como se houvesse posto seu selo, fez cessar a perseguição."

4. Em continuação, e antes de referir-se a Policarpo, narram o referente aos mártires e descrevem a constância que mostraram ante os tormentos, pois contam que foram motivo de assombro para os que formavam círculo em torno deles e os contemplavam, ora dilacerados por açoites até o mais profundo de suas veias e artérias, de forma que podiam observar os órgãos de seus corpos, suas entranhas e seus membros, ora a outros, estendidos sobre conchas marinhas e pontas afiadas, e entregues por fim como pasto às feras, depois de ter passado por castigos e tormentos de toda espécie.

5. E contam que distinguiu-se especialmente o nobilíssimo Germânico, que com a ajuda da graça divina sobrepôs-se à covardia natural ante a morte do corpo. O Procônsul queria persuadi-lo e alegava como pretexto sua idade, e suplicava-lhe que, já que estava na flor da juventude, tivesse compaixão de si mesmo; mas ele não vacilou, mas valentemente atraiu para si as feras, quase forçando-as e atiçando-as, para poder afastar-se mais rapidamente da vida injusta e criminosa daqueles.

6. Ante a gloriosa morte deste homem, a multidão toda pasmou-se vendo a valentia do mártir divino e a virtude de toda a linhagem dos cristãos, e todos a uma voz começaram a gritar: "Morram os ateus! Que se busque Policarpo!"

7. Tendo-se criado com a gritaria uma grande confusão, certo homem da Frigia, chamado Quinto, recentemente chegado da Frigia, ao ver as feras e tudo o mais que o ameaçava, sentiu enfraquecerse a alma presa do medo e terminou por abandonar sua salvação.

8. Mas o relato do escrito acima demonstra que este homem lançou-se ante o tribunal de forma demasiado precipitada e sem a devida cautela. Assim pois, uma vez preso, proporcionou a todos um exemplo manifesto de que não é lícito arriscar-se em tais empresas temerária e incautamente.

Assim terminava o que se referia a estes homens.

9. Quanto ao admirável Policarpo, quando ouviu estas coisas não se perturbou; seguiu observando firme e imutável seus costumes e queria permanecer ali, na cidade. Mas persuadido pelas súplicas dos que o rodeavam e pelos que o exortavam a afastar-se secretamente, retirou-se a uma propriedade não muito distante da cidade, e ali passava seu tempo em companhia de uns poucos, não fazendo outra coisa, noite e dia, que perseverar na oração ao Senhor. Nela pedia e suplicava pela paz, pedindo-a para as igrejas de todo o universo, o que aliás sempre fora costume seu.

10. E foi enquanto orava, numa visão que teve à noite três dias antes de sua prisão, quando viu que o travesseiro de sua cabeceira se consumia completamente abrasado pelo fogo. Despertado pelo fato, logo interpretou para os presentes o ocorrido, quase adivinhando o futuro, e anunciou claramente aos circunstantes que ele haveria de morrer por Cristo no fogo.

11. Assim pois, quando os que o procuravam com toda presteza já se achavam próximos, diz-se que ele se mudou para outro sítio, forçado novamente pela disposição e o amor dos irmãos, e ali apareceram pouco depois os perseguidores, que detiveram dois criados. Submeteram um deles a torturas e assim chegaram ao paradeiro de Policarpo.

12. Como chegaram a uma hora tardia, encontraram-no deitado num cômodo do piso superior, de onde era possível passar para outra casa; mas ele não quis fazê-lo e disse: "Cumpra-se a vontade de Deus."

13. Efetivamente, quando soube que estavam ali - como diz o relato —, desceu e pôs-se a conversar com eles, com o rosto radiante e cheio de suavidade, de forma que aqueles que antes não o conheciam acreditavam estar vendo um prodígio, ao considerar sua avançada idade e seu porte venerável e firme, e se admiravam de tanto esforço para prender um ancião.

14. Mas ele, sem tardar, manda que lhes ponham a mesa; logo convida-os a participar de abundante jantar e pede-lhes apenas uma hora para orar tranqüilo. Como eles o permitiram, levantou-se e pôs-se a orar, cheio da graça de Deus. Os presentes estavam assombrados ouvindo-o rezar, e muitos deles arrependeram-se já de que tivesse que ser executado um ancião tão venerável e digno de Deus.

15. Depois do que foi dito, o escrito que trata dele continua a narrativa literalmente como segue: "Quando terminou sua oração, depois de fazer memória de todos com quem havia tratado em sua vida, pequenos e grandes, ilustres e plebeus, e de toda a Igreja católica espalhada por toda a terra habitada, quando chegou a hora de partir, sentaram-no no lombo de um asno e conduziram-no à cidade. Era dia de grande sábado. Foram ao encontro do irenarca282 Herodes e seu pai, Nicetas, fizeram-no subir em seu carro, sentaram-no a seu lado e trataram de persuadi-lo dizendo: "Mas que há de mal em dizer: César é o Senhor! E em sacrificar, e com isto salvar a vida?"

16. "Policarpo a princípio não respondia, mas como insistissem, disse: "Não tenho intenção de fazer o que me aconselhais.' Como não conseguiram seu intento, começaram a dizer-lhe palavras terríveis e fizeram-no descer a toda pressa, tanto que ao descer do carro arranhou a perna. Mas ele, sem virar-se, como se nada tivesse lhe acontecido, pôs-se animadamente a caminhar com pressa, conduzido ao estádio.

17. Era tal o ruído no estádio, que muitos não podiam ouvir. Entrando Policarpo no estádio, sobreveio uma voz do céu: 'Sê forte, Policarpo, e porta-te como homem.' Ninguém viu quem falou, mas muitos dos nossos ouviram a voz.

18. Quando o 'conduziam armou-se grande tumulto por parte dos que perceberam que haviam prendido Policarpo. Logo, quando se aproximou, perguntou-lhe o procônsul se ele era Policarpo.

Tendo ele confessado, aquele tentou persuadi-lo a que renegasse, dizendo: 'Tenha consideração a tua idade', e outras coisas parecidas a estas, como tem costume de dizer: 'Jura pelo gênio do César. Muda de pensar.' Diga: 'Morram os ateus!'

19. Mas Policarpo olhou com rosto severo a toda a turba que se encontrava no estádio, agitou paraeles sua mão e, entre soluços e levantando a vista ao céu, disse: 'Morram os ateus!'

20.Mas quando o governador lhe pediu e disse: 'Jura e te soltarei; maldiz a Cristo', Policarpo disse: 'Oitenta e sei anos venho servindo-o e nenhum mal me fez. Como posso blasfemar contra meu rei, que me salvou?'

21. Como o procônsul insistisse novamente e dissesse: 'Jura pela sorte do César', Policarpo respondeu: "Se abrigas a vã pretensão de que eu jure pelo gênio do César, como dizes, fingindo que ignoras quem sou eu, com franqueza, escuta: sou cristão. Mas se é que queres aprender a doutrina do cristianismo, dá-me um dia e escuta".

22. Disse o procônsul: "Convence ao povo". Policarpo replicou: "A ti considero digno do meu discurso, pois nos é ensinado render as honras devidas às autoridades e potestades estabelecidas por Deus283, enquanto não seja em detrimento nosso; mas a estes não os considero dignos de que me defenda perante eles.'

23. E o procônsul disse: 'Tenho feras. A elas te lançarei se não mudas tua posição.' Mas ele respondeu: 'Chama-as, porque para nós não é possível mudar de posição se é do melhor para o pior. O bom é mudar do mau para o justo.'

24. Insistiu o procônsul: 'Como não te arrependes, farei com que o fogo te dome se desprezas as feras'. Policarpo disse: "Ameaças com um fogo que arde algum tempo, mas depois de um pouco se apaga. E ignoras o fogo do juízo futuro e do castigo eterno, reservado aos ímpios. Mas, por que tardas? Traga o que quiseres.'

25. Enquanto dizia isto e muitas outras coisas mais, enchia-se de valor e de alegria, e seu rosto transbordava de graça, ao ponto de que não somente não caiu em confusão pelas coisas que lhe diziam, mas pelo contrário, foi o procônsul que ficou fora de si e chamou o arauto para que no meio do estádio apregoasse três vezes: 'Policarpo confessou que é cristão.'

26. Quando o arauto disse isso, toda a turba de gentios e de judeus que habitavam Esmirna se pôs a gritar com ânimo exaltado e grande vozerio: 'Este é o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o destruidor de nossos deuses, o que ensinou a muitos a não sacrificar e a não adorar.'

27. Enquanto diziam isto, gritavam mais e mais, e pediam ao asiarca284 Felipe que lançasse um leão contra Policarpo. Disse ele que não podia, por estar terminado o combate de feras. Então acharam por bem gritar juntos que Policarpo fosse queimado vivo.

28. E devia cumprir-se a visão que teve de seu travesseiro quando, enquanto orava, viu que se consumia abrasado, e voltando-se para os fiéis que estavam com ele, disse-lhes em tom profético: 'Devo ser queimado vivo.'

29. Isto se fez mais depressa do que foi dito. A turba arrancou das oficinas e dos banhos a madeira e lenha miúda. Os mais entusiásticos em colaborar com a tarefa foram, como de costume, os judeus.

30. Quando a fogueira estava pronta, Policarpo despojou-se de todas suas roupas e, descingindo-se, tratou de soltar também seu calçado, coisa que antes não fazia pois cada fiel sempre se esforçava para ser o primeiro a tocar sua pele; porque a todo momento, antes mesmo de ter os cabelos brancos, havia sido honrado por causa de sua santa vida.

31. Em seguida foram colocando a sua volta os instrumentos preparados para a fogueira, mas quando já iam pregá-lo, disse-lhes: "Deixai-me assim, pois quem me dá esperar com pés firmes o fogo, me dará também, sem que seja necessária a segurança de vossos pregos, o manter-me firme na fogueira.' E não o pregaram, mas amarraram-no.

32. Com as mãos às costas e amarrado como um carneiro escolhido que é tirado de um grande rebanho como holocausto aceitável a Deus Todo-poderoso, disse:

33. 'Pai de teu amado e bendito Filho Jesus Cristo, por quem recebemos o conhecimento acerca de ti, Deus dos anjos, das potestades, de toda a criação e de toda a raça dos justos que vivem em tua presença: Bendigo-te porque me julgaste digno deste dia e desta hora, para ter parte, entre o número dos mártires, no cálice de teu Cristo para ressurreição na vida eterna, tanto da alma como do corpo, na integridade do Espírito Santo.

34. Oxalá seja eu recebido em tua presença hoje, com eles, em sacrifício pio e aceitável!, segundo preparaste de antemão, como de antemão o manifestaste e o cumpriste, ó Deus sem mentira e verdadeiro!

35. Por esta razão, e por todas as coisas, te louvo, te bendigo, te glorifico, por meio do eterno e sumo sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja a glória a ti, com Ele no Espírito Santo, agora e nos séculos vindouros. Amém.'

36. Quando pronunciou o Amém e terminou sua oração, os encarregados do fogo acenderam-no, mas, fazendo-se uma grande chama, vimos um prodígio, aqueles aos quais foi dado vê-lo e que fomos conservados para anunciar aos demais o ocorrido.

37. Ocorreu que o fogo, formando uma espécie de abóbada, como a vela de um navio enchida pelo vento, protegeu o corpo do mártir como uma muralha em torno. E ele estava no meio, não como carne queimada, mas como ouro e prata candentes no forno. E nós, em verdade, sentíamos uma fragrância tal, como exalada pelo incenso ou por qualquer outro aroma precioso.

38. Ao fim, vendo aqueles ímpios que o corpo não podia ser consumido pelo fogo, ordenaram ao confector285 que se aproximasse e cravasse nele sua espada;

39. feito isto, brotou um caudal de sangue tão grande que apagou o fogo e deixou assombrada a multidão que via a grande diferença entre os infiéis e os eleitos. Um destes foi este homem, admirável em demasia, mestre apostólico e profético de nossos dias, bispo que foi da igreja católica de Esmirna. Efetivamente, toda palavra que saiu de sua boca se cumpriu e se cumprirá.

40. Mas o rival e invejoso maligno, adversário da raça dos justos, ao ver a grandeza de seu martírio e a vida irrepreensível que havia levado desde o princípio e que já estava coroado com a coroa da integridade e já tinha alcançado um prêmio indiscutível, dispôs as coisas de tal maneira que nós não recolhemos seu corpo, mesmo sendo muitos os que desejavam fazê-lo e ter parte em seus santos despojos.

41. Alguns pois, sugeriram a Nicetas, pai de Herodes e irmão de Alce, solicitar do governador que não entregasse o corpo do mártir, 'não ocorra que -disse - deixando o crucificado, comecem a render culto a este'. E diziam isto por sugestão e por pressão dos judeus, que também vigiavam quando nós íamos recolhê-lo da fogueira. Pois ignoram que nós jamais poderemos abandonar a Cristo, que padeceu pela salvação de todos os que no mundo inteiro se salvam, nem render culto a nenhum outro.

42. Porque a este adoramos por ser Filho de Deus; aos mártires, por outro lado, amamos justamente porque são discípulos e imitadores do Senhor, por causa de sua insuperável benevolência para com seu próprio rei e mestre. Oxalá também nós fôssemos partícipes de sua sorte e seus condiscípulos!

43. Vendo pois o Centurião a insistência dos judeus, pôs o corpo no meio, como de costume, e queimou-o. E assim nós logo retiramos seus ossos, mais estimáveis que as pedras preciosas e mais dourados do que o ouro, e os guardamos em lugar conveniente.

44. Ali, reunidos enquanto nos seja possível, jubilosos e alegres, o Senhor nos concederá celebrar o aniversário de seu martírio, para memória dos que lutaram e para exercício e preparação dos que terão que lutar.

45. Este foi o final do bem-aventurado Policarpo. Ainda que sejam doze o número dos martirizados em Esmirna, junto com os de Filadélfia, ele é o único de quem todos mais se recordam, ao ponto de que inclusive os pagãos estão falando dele em todas as partes."

46. Deste final fez-se digno o admirável e apostólico Policarpo, cujo relato foi exposto pelos irmãos da igreja de Esmirna na carta deles que citamos. Neste mesmo escrito que trata dele estão juntos outros martírios que tiveram lugar na mesma Esmirna na mesma época que o martírio de Policarpo. Com eles pereceu também, entregue às chamas, Metrodoro, que se acredita que fosse presbítero da seita de Márcion.

47. Mas o mártir mais famoso dos de então foi Pionio. Suas sucessivas confissões, sua liberdade de expressão, suas apologias da fé em presença do povo e das autoridades, seus discursos didáticos ao povo e ainda sua amável acolhida aos que haviam sucumbido na prova da perseguição, assimcomo as exortações que, estando no cárcere, dirigia aos irmãos que a ele acudiam, e também os tormentos que depois sofreu, os suplícios que se juntaram, seu encravamento, sua integridade na fogueira e, depois de todas estas maravilhas, sua morte: tudo isto está contido de maneira muito completa no escrito que dele trata 286. A ele remetemos quem se interessar: acha-se incluído entre

os martírios dos antigos, por nós recompilados.

48. Conservam-se também as atas de outros mártires que foram martirizados em Pérgamo, cidade da Ásia: Carpo, Papilo e uma mulher, Agatonice, que acabaram gloriosamente depois de muitas e ilustres confissões.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL "VERBUM DOMINI" DO SANTO PADRE BENTO XVI

Glória a Deus!
Ontem (11/12/2010) apresentou-se na Sala de Imprensa da Santa Sé a exortação apostólica pós-sinodal do Papa Bento XVI "Verbum Domini", sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Este documento do Santo Padre é fruto do Sínodo realizado de 5 a 26 de outubro de 2008.
Clique aqui para ler e baixar o documento completo em português

Pax et Ignis!
Deus benedicat te et custodiat te!

Celito Garcia

terça-feira, 9 de novembro de 2010

OS CRISTÃOS DO TEMPO DAS PERSEGUIÇÕES


defendidos pelos Apologistas

"Carta de identidade" dos primeiros Cristãos

Desde o séc. 1º a religião cristã difundiu-se rapidamente em Roma e em todo o mundo, não só pela sua originalidade e universalidade, mas muito também pelo testemunho de fervor, de amor fraterno e de caridade demonstrada pelos cristãos para com todos. As autoridades civis e o próprio povo, antes indiferentes, demonstraram-se logo hostis à nova religião, porque os cristãos recusavam o culto ao imperador e a adoração às divindades pagãs de Roma. Os cristãos foram por isso acusados de deslealdade para com a pátria, de ateísmo, de ódio pelo gênero humano, de delitos ocultos, como incesto, infanticídio e canibalismo ritual; de serem causa das calamidades naturais, como a peste, as inundações, a carestia, etc.

A religião cristã foi declarada: strana et illicita:
estranha e elícita (decreto senatorial de 35), exitialis: perniciosa (Tácito), prava e immodica: malvada e desenfreada (Plínio), nova et malefica: nova e maléfica (Suetônio), tenebrosa et lucifuga: obscura e inimiga da luz (Octavius de Minucio), detestabilis: detestável (Tácito); depois foi posta fora da lei e perseguida, porque considerada como o mais perigoso inimigo do poder de Roma, que se baseava na antiga religião nacional e no culto do imperador, instrumento e símbolo da força e unidade do Império.

Os três primeiros séculos são a época dos mártires, que terminou em 313 com o edito de Milão, com o qual os imperadores Constantino e Licínio deram liberdade à Igreja. A perseguição nem sempre foi contínua e geral, isto é, estendida a todo o império, nem sempre igualmente cruel e cruenta. A períodos de perseguições seguiam-se períodos de relativa tranqüilidade.

Os cristão, na grande maioria dos casos, enfrentaram com coragem, freqüentemente com heroísmo, a prova das perseguições, mas não a sofreram passivamente. Defenderam-se com força, confutando tanto a falta de fundamento das acusações que lhes eram dirigidas de delitos ocultos ou públicos, apresentando os conteúdos da própria fé ("Aquilo em que acreditamos") e descrevendo a própria identidade ("Quem somos").

Os cristãos pediam nas "Apologias" ("discursos de defesa") dos escritores cristãos do tempo, endereçadas também aos imperadores, que não fossem condenados injustamente, sem serem conhecidos e sem provas. O princípio da lei senatorial "Non licet vos esse": "não é lícito que existais" era julgado injusto e ilegal pelos Apologistas, porque os cristãos eram cidadãos honestos, respeitosos das leis, devotos ao imperador, industriosos na vida privada e pública.

Uma vez que as catacumbas contêm a prova e a confirmação da vida admirável dos cristãos, como é descrita pelos apologistas, apresentamos alguns de seus trechos significativos, que constituem como que uma carta de identidade dos cristãos dos primeiros tempos.

1. Da Carta a Diogneto apologia de um autor desconhecido, séc. 2º/3º.

São homens como todos os outros
"Os cristãos não se distinguem dos demais homens nem pelo território, nem pela língua que falam, nem pelo modo de vestir. Não se isolam em suas cidades, nem usam uma linguagem particular, nem levam um gênero de vida especial.

Sua doutrina não é conquista do gênio irrequieto de homens curiosos, nem professam, como fazem alguns, um sistema filosófico humano. Moram em cidades gregas ou bárbaras (estrangeiras), como cabe a cada um por sorte e, adaptando-se às tradições locais quanto às roupas, à alimentação e a tudo o mais da vida, dão exemplo de um estilo próprio de vida social maravilhosa, que, segundo a confissão de todos, tem algo de incrível".

Moram na terra, mas são cidadãos do Céu
"Moram em sua pátria, mas como estrangeiros. Como cidadãos, participam de todos os deveres, mas são tratados como estrangeiros. Qualquer terra estrangeira é uma pátria para eles e toda pátria é terra estrangeira. Mudam de lugar como todos e geram filhos, mas não expõe os recém-nascidos. Têm a mesa em comum, não o leito. Vivem na carne, mas não segundo a carne (2Cor 10,3, Rm 8,12-15). Passam sua vida na terra, mas são cidadãos do céu.

Obedecem às leis estabelecidas, mas superam-nas com o seu teor de vida. Amam a todos e por todos são perseguidos. Não são conhecidos e são condenados. Dá-se-lhes a morte, e eles dela recebem a vida. São pobres, mas a muitos tornam ricos (2Cor 6,9-10). Nada possuem, mas tudo têm em abundância. São desprezados, mas encontram no desprezo a glória diante de Deus. Ultraja-se a sua honra e acrescenta-se testemunho à sua inocência.

Insultados, abençoam (1Cor 4,12). Demonstram-se insolentes com eles, e eles tratam-nos com respeito. Fazem o bem e são punidos como malfeitores. E punidos, gozam, como se lhes dessem vida. Os judeus fazem-lhes guerra como raça estrangeira. Os Gregos perseguem-nos, mas aqueles que os odeiam não sabem dizer o motivo de seu ódio".

Estão no mundo como a alma no corpo
"Para dizer com uma só palavra, os cristãos estão no mundo como a alma está no corpo. Como a alma difunde-se por todas as partes do corpo, assim também os cristãos estão disseminados pelas várias cidades do mundo. A alma habita o corpo, mas não provém do corpo: também os cristãos habitam no mundo, mas não provém do mundo. A alma invisível está encerrada num corpo visível; também os cristãos, sabe-se que estão no mundo, mas a sua piedade permanece invisível.

Como a carne odeia a alma e faz-lhe guerra, sem ter recebido qualquer ofensa, mas só porque lhe proíbe gozar dos prazeres, também o mundo odeia os cristãos que não lhe fizeram qualquer coisa de errado, só porque se opõem ao sistema de vida fundado no prazer.

A alma ama à carne, que a odeia, e aos membros; os cristãos igualmente amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, mas ela própria sustenta o corpo; também os cristãos são retidos no mundo como numa prisão, mas eles próprios sustentam o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal, também os cristãos moram como peregrinos entre as coisas que se corrompem, à espera da incorruptibilidade dos céus.

Mortificando-se nos alimentos e nas bebidas, a alma se faz melhor; igualmente os cristãos, punidos, multiplicam-se dia a dia. Deus deu-lhes um lugar tão sublime, que não devem absolutamente abandonar".

2. Dos "Livros a Autolico" de São Teófilo de Antioquia (Séc. 2º)

Os cristãos honram o imperador e rezam por ele (livro I,2)
"Honrarei o imperador, mas não o adorarei; mas rezarei por ele. Eu adoro o Deus verdadeiro e único por quem eu sei que o soberano foi feito. Poderias, então, perguntar-me: porque, pois, não adoras o imperador? O imperador, pela sua natureza, deve ser honrado com obséquio legítimo, não deve ser adorado. Ele não é Deus, mas um homem que Deus colocou não para que seja adorado mas para que exerça a justiça sobre a terra.

O governo do estado foi-lhe confiado de alguma forma por Deus. E como o imperador não pode permitir que o seu título seja portado por quantos são-lhe subordinados - ninguém de fato pode ser chamado de imperador - assim também ninguém pode ser adorado, senão Deus. O soberano, então, deve ser honrado com sentimentos de devoção; é preciso prestar-lhe obediência e rezar por ele. Assim realiza-se a vontade de Deus".

A vida dos cristãos demonstra a grandeza e a beleza de sua religião (livro III, 15)
"Encontra-se nos cristãos um sábio domínio de si, exerce-se a continência, observa-se o matrimônio único, a castidade é conservada, a injustiça é excluída, o pecado extirpado em sua raiz, pratica-se a justiça, a lei é observada, a piedade é apreciada com fatos. Deus é reconhecido, a verdade, considerada norma suprema.

A graça conserva-os, a paz protege-os, a palavra sagrada guia-os, a sabedoria instrui-os, a vida (eterna) dirige-os, Deus é o seu rei".

3. De "A Apologia" de Aristides (séc. 2º)

Os cristãos observam as leis de Deus
"Os cristãos trazem gravadas em seu coração as leis de Deus e observam-nas na esperança do século futuro. Por isso não cometem adultério, nem fornicação; não dão falso testemunho; não se apossam dos depósitos que receberam; não desejam aquilo que não lhes diz respeito; honram o pai e a mãe, fazem o bem ao próximo; e, quando são juizes, julgam com justiça. Não adoram ídolos de forma humana; tudo aquilo que não querem que os outros lhes façam, eles não o fazem a ninguém. Não comem carnes oferecidas aos ídolos, porque são contaminadas. Suas filhas são puras e virgens e fogem da prostituição; os homens abstém-se de qualquer união ilegítima e de toda impureza; suas mulheres igualmente são castas, na esperança da grande recompensa no outro mundo..."

São bons e caridosos
"Socorrem aqueles que os ofendem, tornando-se seus amigos; fazem o bem aos inimigos. Não adoram deuses estrangeiros; são delicados, bons, pudicos, sinceros, amam-se entre si; não desprezam a viúva; salvam o órfão; quem possui dá, sem lamentos, àquele que não possui. Quando vêem os forasteiros, fazem-nos entrar em casa e alegram-se com eles, reconhecendo neles verdadeiros irmãos, porque chamam assim não aqueles que o são pela carne, mas aqueles que o são segundo a alma.

Quando um pobre morre, se ficam sabendo, contribuem segundo os seus meios para o funeral; se vêm a saber que alguns são perseguidos ou aprisionados ou condenados pelo nome de Cristo, colocam em comum as suas esmolas e enviam-lhes aquilo de quem precisam, e se podem, libertam-nos; se há um escravo ou um pobre a socorrer, jejuam dois ou três dias, e o alimento que tinham preparado para si lhe é enviado, julgando que também ele deve gozar, sendo como eles chamado à alegria".

Vivem na justiça e na santidade
"Observam exatamente os mandamentos de Deus, vivendo santa e justamente, assim como o Senhor Deus prescreveu-lhes; dão-lhe graças todas as manhãs e todas as noites pelo alimento ou bebida e por todos os outros bens...

São estas, ó Imperador, as suas leis. Os bens que devem receber de Deus, são pedidos a ele, e assim passam por este mundo até o final dos tempos: pois Deus sujeitou tudo a eles. São, pois, reconhecidos para com ele, porque para eles foi feito todo o universo e a criação. Certamente essa gente encontrou a verdade".

4. De "O Apologético" de Tertuliano (séc. 2º-3º).

Os cristãos não são inúteis e improdutivos

"Somos acusados de ser improdutivos nas várias formas de atividades. Mas, como pode-se falar assim de homens que vivem convosco, que comem como vós, que vestem as mesmas roupas, que seguem o mesmo gênero de vida e têm as mesmas necessidades de vida?

Lembramo-nos de dar graças a Deus, Senhor e criador, e não recusamos nenhum fruto de sua obra. É certo que usamos as coisas com moderação, não de forma exagerada ou errada. Coabitamos convosco e freqüentamos o foro, o mercado, os banhos, os negócios, as oficinas, as estalas, participando de todas as atividades.

Também navegamos convosco, combatemos no exército, cultivamos a terra, exercemos o comércio, trocamos as mercadorias e colocamos à venda, para o vosso uso, o fruto do nosso trabalho. Não entendo realmente como podemos parecer inúteis e improdutivos para os vossos negócios, quando vivemos convosco e de vós.

Sim, há quem tenha motivos para lamentar-se dos cristãos, porque não pode comerciar com eles: são eles os protetores de prostitutas, os rufiões e seus cúmplices; e também os criminosos, os que matam com veneno, os encantadores, os adivinhos, os feiticeiros, os astrólogos. Grande coisa ser improdutivos para essa gente!... E depois, nas prisões jamais encontrais um cristão, a não ser por motivos religiosos. Nós aprendemos de Deus a viver na honestidade".

Fonte: www.catacombe.roma.it/br/persecuzioni.html

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

JOVENS - Musica Eletrônica, Drogas e Parque de Diversão

Salve Maria!

Qual o sentido da vida de um jovem hoje? Em que a juventude esta colocando todo seu empenho?

Segue uma matéria que passou no Fantástico falando de um novo tipo de "diversão" para os jovens. Rave com muita música eletrônica, muita bebida alcoólica, muita droga, parque de diversão e muita imoralidade.

O que mais me chocou é que umas dessas festas aconteceu em São José do Rio Preto. Na minha diocese!

Assistam e tirem suas conclusões. E AINDA QUEREM CONTINUAR FAZENDO FESTAS "OPEN BAR" AQUI NA CIDADE DE VOTUPORANGA - SP.


Já dizia São João Maria Vianney " “Vede meus irmãos, as pessoas que vão a essas festas, deixam o Anjo da Guarda na porta e é um demônio que lhe toma o lugar, de modo que há no salão tantos demônios, quantos são os dançarinos”

Continuemos orando e trabalhando para a salvação dos jovens!

Pax et Ignis
Deus benedicat te et custodiat te!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os Pais da Igreja (Patrística)


Por: Felipe Aquino

Chamamos de “Padres da Igreja” (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VII, que foram no oriente e no ocidente como que “Pais” da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica. Certa vez disse o Cardeal Henri de Lubac: “Todas as vezes que, no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Padres”.

Gostaria de apresentar aqui ao menos uma relação, ainda que incompleta, desses gigantes da fé e da Igreja, que souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos. Em seguida, vamos estudar um pouco daquilo que eles disseram e escreveram, a fim de que possamos melhor conhecer a Tradição. Alguns foram Papas, nem todos; a maioria foi bispo, mas há diáconos, presbíteros e até leigos. Entre eles muitos foram titulados de Doutor da Igreja, sempre por algum Papa, por terem ensinado de maneira extraordinária os dogmas e verdades da nossa fé. Ao todo os Doutores da Igreja até hoje são 33; 30 homens e 3 mulheres, mas nem todos da época da Patrística.

Vamos apresentar a seguir uma síntese dos principais Padres da Igreja:

S. Clemente de Roma (†102), Papa (88-97), foi o terceiro sucessor de São Pedro, nos tempos dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92 a 102). No depoimento de Santo Ireneu, “ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento”. (Contra as heresias)

Santo Inácio de Antioquia (†110) foi o terceiro bispo da importante comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas às igreja de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo S. Policarpo de Esmirna. Na carta aos esmirnenses, aparece pela primeira vez a expressão “Igreja Católica”.

Aristides de Atenas († 130)
foi um dos primeiros apologistas cristãos; escreveu a sua Apologia ao imperador romano Adriano, falando da vida dos cristãos.

São Policarpo (†156) foi bispo de Esmirna, e uma pessoa muito amada. Conforme escreve Santo Irineu, que foi seu discípulo, Policarpo foi discípulo de São João Evangelista. No ano 155 estava em Roma com o Papa Niceto tratando de vários assuntos da Igreja, inclusive a data da Páscoa. Combateu os hereges gnósticos. Foi condenado à fogueira; o relato do seu martírio, feito por testemunhas oculares, é documento mais antigo deste gênero (publicado neste livro).

Hermas (†160) era irmão do Papa São Pio I, sob cujo pontificado escreveu a sua obra Pastor. suas visões de estilo apocalíptico.

Didaqué (ou Doutrina dos Doze Apótolos)
é como um antigo catecismo, redigido entre os anos 90 e 100, na Síria, na Palestina ou em Antioquia. Traz no título o nome dos doze Apóstolos. Os Padres da Igreja mencionaram-na muitas vezes. Em 1883 foi encontrado um seu manuscrito grego.

São Justino (†165), mártir, nasceu em Naplusa, antiga Siquém, em Israel; achou nos Evangelhos “a única filosofia proveitosa”. Filósofo, fundou uma escola em Roma. Dedicou a sua Apologias ao Imperador romano Antonino Pio, no ano 150, defendendo os cristãos; foi martirizado em Roma.

Santo Hipólito de Roma (160-235), discípulo de Santo Ireneu (140-202), foi célebre na Igreja de Roma, onde Orígenes o ouviu pregar. Morreu mártir. Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos, escreveu a Tradição Apostólica onde retrata os costumes da Igreja no século III: ordenações, catecumenato, batismo e confirmação, jejuns, ágapes, eucaristia, ofícios e horas de oração, sepultamento, etc.

Melitão de Sardes (†177)
foi bispo de Sardes, na Lídia, um dos grandes luminares da Ásia Menor. Escreveu a Apologia, dirigida ao imperador Marco Aurélio.

Atenágoras (†180) era filósofo em Atenas, Grécia, autor da Súplica pelos Cristãos, apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e seu filho Cômodo; escreveu também o tratado sobre A Ressurreição dos mortos, foi grande apologista.

São Teófilo de Antioquia (†após 181) nasceu na Mesopotâmia, converteu-se ao cristianismo já adulto, tornou-se bispo de Antioquia. Apologista, compôs três livros, a Autólico.

Santo Ireneu (†202) nasceu na Ásia Menor, foi discípulo de São Policarpo (discípulo de S. João), foi bispo de Lião, na Gália (hoje França). Combateu eficazmente o gnosticismo em sua obra Adversus Haereses (Refutação da Falsa Gnose) e a Demonstração da Preparação Apostólica. Segundo São Gregório de Tours (†594), S. Ireneu morreu mártir. É considerado o “príncipe dos teólogos cristãos”. Salienta nos seus escritos a importância da Tradição oral da Igreja, o primado da Igreja de Roma (fundada por Pedro e Paulo).

Santo Hilário de Poitiers (316-367)
, doutor da Igreja, foi bispo de Poitiers, combateu o arianismo, foi exilado pelo imperador Constâncio, escreveu a obra Sobre a Santíssima Trindade.

São Clemente de Alexandria (†215). Seu nome é Tito Flávio Clemente, nasceu em Atenas por volta de 150. Viajou pela Itália, Síria, Palestina e fixou-se em Alexandria. Durante a perseguição de Setímio Severo (203), deixou o Egito, indo para a Ásia Menor, onde morreu em 215. Seu grande trabalho foi tentar a aliança do pensamento grego com a fé cristã. Dizia: “Como a lei formou os hebreus, a filosofia formou os gregos para Cristo”.

Orígenes (184-254) nasceu em Alexandria, Egito; seu pai Leônidas morreu martirizado em 202. Também desejava o mártirio; escreveu ao pai na prisão: “não vás mudar de idéia por causa de nós”.

Em 203 foi colocado à frente da escola catequética de Alexandria pelo bispo Demétrio. Em 212 esteve em Roma, Grécia e Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, Júlia Mammae, chamou-o a Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesaréia durante a perseguição do imperador Décio.

Tertuliano (†220) de Cartago, norte da África, culto, era advogado em Roma quando em 195 se converteu ao Cristianismo, passando a servir a Igreja de Cartago como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo, mas se desentendeu com a Igreja Católica. É autor das frases: “Vede como se amam” e “ O sangue dos mártires era semente de novos cristãos”.

São Cipriano (†258). Cecílio Cipriano nasceu em Cartago, foi bispo e primaz da África Latina. Era casado. Foi perseguido no tempo do imperador Décio, em 250, morreu mártir em 258. Escreveu a bela obra Sobre a unidade da Igreja Católica. Na obra De Lapsis, sobre os que apostataram na perseguição, narra ao vivo o drama sofrido pelos cristãos, a força de uns, o fracasso de outros. Escreveu ainda a obra Sobre a Oração do Senhor, sobre o Pai Nosso.

Eusébio de Cesaréia (260-339), bispo, foi o primeiro historiador da Igreja. Nasceu na Palestina, em Cesaréia, discípulo aí de Orígenes. Escreveu a sua Crônica e a História Eclesiástica, além de A Preparação e as Demonstrações Evangélicas. Foi perseguido por Dioclesiano, imperador romano.

Santo Atanásio (295-373), doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, jovem ainda foi viver o monaquismo nos desertos do Egito,onde conheceu o grande Santo Antão(†376), o “pai dos monges”. Tornou-se diácono da Igreja de Alexandria, e junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Nicéia (325) no combate ao arianismo. Tornou-se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua luta árdua contra o arianismo (Ário negava a divindade de Jesus), o que lhe valeu sete anos de exílio. São Gregório Nazianzeno disse dele: “O que foi a cabeleira para Sansão, foi Atanásio para a Igreja.”

Santo Hilário de Poitiers (316-367), doutor da Igreja, nasceu em Poitiers, na Gália (França); em 350 clero e povo o elegiam bispo, apesar de ser casado. Organizou a luta dos bispos gauleses contra o arianismo. Foi exilado pelo imperador Constâncio, na Ásia Menor, voltando para a Gália em 360, fazendo valer as decisões do Concílio de Nicéia. É chamado o “Atanásio do Ocidente”.Escreveu as obras Sobre a Fé, Sobre a Santíssima Trindade.

Santo Efrém (†373), doutor da Igreja – é considerado o maior poeta sírio, chamado de “a cítara do Espírito Santo”. Nasceu em Nísibe, de pais cristãos, por volta de 306, deve ter participado do Concílio de Nicéia (325), segundo a tradição, com o seu bispo Tiago. Foi ordenado diácono em 338 e assim ficou até o fim da vida. Escreveu tratados contra os gnósticos, os arianos e contra o imperador Juliano, o apóstata. Escreveu belos hinos e louvores a Maria.

São Cirilo de Jerusalém (†386), doutor da Igreja, Bispo de Jerusalém, guardião da fé professada pela Igreja no Concílio de Nicéia (325). Autor das Catequeses Mistagógicas, esteve no segundo Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 381.

São Dâmaso (304-384), Papa da Igreja, instruído, de origem espanhola, sucedeu o Papa Libério que o ordenou diácono; obteve do Imperador Graciano o reconhecimento jurisdicional do bispo de Roma. Mandou que S. Jerônimo revesse a versão latina da Bíblia, a Vulgata. Descobriu e ornamentou os túmulos dos mártires nas catacumbas, para a visita dos peregrinos.

São Basílio Magno (329-379), Bispo e doutor da Igreja, nasceu na Capadócia; seus irmãos Gregório de Nissa e Pedro, são santos. Foi íntimo amigo de S. Gregório Nazianzeno; fez-se monge. Em 370 tornou-se bispo de Cesaréia na Palestina, e metropolita da província da Capadócia. Combateu o arianismo e o apolinarismo (Apolinário negava que Jesus tinha uma alma humana). Destacou-se no estudo da Santíssima Trindade (Três Pessoas e uma Essência).

São Gregório Nazianzeno (329-390), doutor da Igreja, nasceu em Naziano, na Capadócia, era filho do bispo local, que o ordenou padre; foi um dos maiores oradores cristãos. Foi grande amigo de São Basílio, que o sagrou bispo. Lutou contra o arianismo. Sua doutrina sobre a Santíssima Trindade o fez ser chamado de “teólogo”, que o Concílio de Calcedônia confirmou em 481.

São Gregório de Nissa (†394) foi bispo de Nissa, e depois de Sebaste, irmão de São Basílio e amigo de São Gregório Nazianzeno. Os três santos brilharam na Capadócia. Foi poeta e místico; teve grande influência no primeiro Concílio de Constantinopla (381) que definiu o dogma da SS. Trindade. Combateu o apolinarismo, macedonismo (Macedônio negava a divindade do Espírito Santo) e arianismo.

São João Crisóstomo (= boca de ouro) (354-407), doutor da Igreja, é o mais conhecido dos Padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia. Tornou-se patriarca de Constantinopla, foi grande pregador. Foi exilado na Armênia por causa da defesa da fé sã. Foi proclamado pelo papa S. Pio X padroeiro dos pregadores.

São Cirilo de Alexandria (†444), Bispo e doutor da Igreja, sobrinho do patriarca de Alexandria, Teófilo, o substituiu na Sé episcopal em 412. Combateu vivamente o Nestorianismo (Néstório negava que em Jesus havia uma só Pessoa e duas naturezas), com o apoio do papa Celestino. Participou do Concílio de Éfeso (431), que condenou as teses de Nestório. É considerado um dos maiores Padres da língua grega, e chamado o “Doutor mariano”.

São João Cassiano (360-465) recebeu formação religiosa em Belém e viveu no Egito. Foi ordenado diácono por S. João Crisóstomo, em Constantinopla, e padre pelo papa Inocêncio, em Roma. Em 415 fundou dois mosteiros em Marselha, um para cada sexo. São Bento recomendou seus escritos.

São Paulino de Nola (†431) nasceu na Gália (França), exerceu importantes cargos civis até ser batizado. Vendeu seus bens, distribuindo o dinheiro aos pobres, e com sua esposa Terásia passou a viver vida eremítica. Foi ordenado padre em 394, em 409 bispo de Nola.

São Pedro Crisólogo (=palavra de ouro) (†450)
, bispo e doutor da Igreja – foi bispo de Ravena, Itália. Quando Êutiques, patriarca de Constantinopla pediu o seu apoio para a sua heresia (monofisismo -uma só natureza em Cristo), respondeu: “Não podemos discutir coisas da fé, sem o consentimento do Bispo de Roma”.

Temos 170 de suas cartas e escritos sobre o Símbolo e o Pai Nosso.

Santo Ambrósio (†397), doutor da Igreja, nasceu em Tréveris, de nobre família romana. Com 31 anos governava em Milão as províncias de Emília e Ligúria. Ainda catecúmeno, foi eleito bispo de Milão, pelo povo, tendo, então recebido o batismo, a ordem e o episcopado. Foi conselheiro de vários imperadores e batizou santo Agostinho, cujas pregações ouvia. Deixou obras admiráveis sobre a fé católica.

São Jerônimo (347-420)
, “Doutor Bíblico”, nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é o mais erudito dos Padres da Igreja latina; sabia o grego, latim e hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379 foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa S. Dâmaso, por cuja ordem fez a revisão da versão latina da Bíblia (Vulgata), em Belém, por 34 anos. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor a Igreja e à Sé de Pedro.

Santo Epifânio (†403) nasceu na Palestina; muito culto, foi superior de uma comunidade monástica em Eleuterópolis (Judéia) e depois, bispo de Salamina, na ilha de Chipre. Batalhou muito contra as heresias, especialmente o origenismo.

Santo Agostinho (354-430), Bispo e Doutor da Igreja, nasceu em Tagaste, Tunísia, filho de Patrício e S. Mônica. Grande teólogo, filósofo, moralista e apologista. Aprendeu a retórica em Cartago, onde ensinou gramática até os 29 anos de idade, partindo para Roma e Milão onde foi professor de Retórica na corte do Imperador. Alí se converteu ao cristianismo pelas orações e lágrimas, de sua mãe Mônica e pelas pregações de S. Ambrósio, bispo de Milão. Foi batizado por esse bispo em 387. Voltou para a África em veste de penitência onde foi ordenado sacerdote e depois bispo de Hipona aos 42 anos de idade. Foi um dos homens mais importantes para a Igreja. Combateu com grande capacidade as heresias do seu tempo, principalmente o Maniqueísmo, o Donatismo e o Pelagianismo, que desprezava a graça de Deus. Santo Agostinho escreveu muitas obras e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. É chamado de “Doutor da Graça”.

São Leão Magno (400-461), Papa e Doutor da Igreja, nasceu em Toscana, foi educado em Roma. Foi conselheiro sucessivamente dos papas Celestino I (422-432) e Xisto III (432-440) e foi muito respeitado como teólogo e diplomata. Participou de grandes problemas da Igreja do seu tempo e pôde travar contato pessoal e por cartas com Santo Agostinho, São Cirilo de Alexandria e São João Cassiano, que o descrevia como “ornamento da Igreja e do divino ministério”. Deixou 96 Sermões e 173 Cartas que chegaram até nós. Participou ativamente na elaboração dogmática sobre o grave problema tratado no Concílio de Calcedônia, a condenação da heresia chamada monofisismo. Leão foi o primeiro Papa que recebeu o título de Magno (grande). Em sua atuação no plano político, a História registrou e imortalizou duas intervenções de São Leão, respectivamente junto a Átila, rei dos Hunos, em 452, e junto a Genserico, em 455, bárbaros que queriam destruir Roma.

São Vicente de Lérins (†450). Depois de muitos anos de vida mundana se refugiou no mosteiro de Lérins. Escreveu o seu Commonitorium, “ para descobrir as fraudes e evitar as armadilhas dos hereges”.

São Bento de Núrcia (480-547)
nasceu em Núrcia, na Úmbria, Itália; estudou Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou-se superior de várias comunidades monásticas; tendo fundado no monte Cassino a célebre Abadia local. A sua Regra dos Mosteiros tornou-se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente, elogiada pelo papa S. Gregório Magno, usada até hoje. O lema dos seus mosteiros era “ora et labora”. O Papa Pio XII o chamou de Pai da Europa e Paulo VI proclamou-o Patrono da Europa, em 24/10/1964.

São Venâncio Fortunato (530-600) nasceu em Vêneto na Itália, foi para Poitiers (França). Autor de célebres hinos dedicados à Paixão de Cristo e à Virgem Maria, até hoje usados na Igreja.

São Gregório Magno (540-604), Papa e doutor da Igreja. Nasceu em Roma, de família nobre. Ainda muito jovem foi primeiro ministro do governo de Roma. Grande admirador de S. Bento, resolveu transformar suas muitas posses em mosteiros. O papa Pelágio o enviou como núncio apostólico em Constantinopla até o ano 585. Foi feito papa em 590. Foi um dos maiores papas que a Igreja já teve. Bossuet considerava-o “modelo perfeito de como se governa a Igreja”. Promoveu na liturgia o canto “gregoriano”. Profunda influência exerceram os seus escritos: Vida de São Bento e Regra Pastoral, usado ainda hoje.

São Máximo, o Confessor (580-662) nasceu em Constantinopla, foi secretário do imperador Heráclio, depois foi para o mosteiro de Crisópolis. Lutou contra o monofisismo e monotelismo, sendo preso, exilado e martirizado por isso. Obteve a condenação do monotelismo no Concílio de Latrão, em 649.

Santo Ildefonso de Sevilha (†636), doutor da Igreja. Considerado o último Padre do ocidente. Bispo de Sevilha, Espanha desde 601. Em 636 dirigiu o IV Sínodo de Toledo. Exerceu notável influência na Idade Média com os seus escritos exegéticos, dogmáticos, ascéticos e litúrgicos.

São João Damasceno (675-749), Bispo e Doutor da Igreja, é considerado o último dos representantes dos Padres gregos. É grande a sua obra literária: poesia, liturgia, filosofia e apologética. Filho de um alto funcionário do califa de Damasco, foi companheiro do príncipe Yazid que, mais tarde o promoveu ao mesmo encargo do pai, ministro das finanças. A um deteminado tempo deixou a corte do califa e retirou-se para o mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Tornou-se o pregador titular da basílica do Santo Sepulcro. Enfrentou com muita coragem a heresia dos iconoclastas que condenavam o culto das imagens. Ficaram famosos os seus Três Discursos a Favor das Imagens Sagradas.

Fonte: mercaba.wordpress.com