terça-feira, 18 de agosto de 2009

RENOVAÇÃO DEPOIS DA PERSEGUIÇÃO


Por Celito Garcia

“Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte”. (1Cor 12,10)

Fiz 28 anos dia 6 de agosto (ainda tem tempo de dar presentes) e no dia 14 numa sexta-feira reuni com alguns amigos e fizemos uma confraternização agradecendo a Deus por mais um ano de vida. Teve até roda de samba católica. Louvamos a Deus no ritmo do samba.

Como sempre nas festas em que se comemora aniversário, os irmãos se reúnem para orar pelo aniversariante que dessa vez era eu.

Sempre quando escrevo algo aqui em meu blog ou é formação ou alguma experiência que tive com o Senhor. E dessa vez não vai ser diferente.

Enquanto os irmãos oravam por mim – e oravam com muito fervor – Deus falava comigo.

Quando assumimos nosso chamado na Igreja, temos que tomar conhecimento que iremos “pagar um preço” quando estamos dispostos realmente em fazer a vontade de Deus. E eu resolvi “pagar o preço”. E por isso sofremos muitas perseguições. Jesus já nos havia alertado sobre isso: “Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir”. (Jo 15,20).

Ainda recebendo a oração, Deus me fazia lembrar todas as perseguições que por amor ao evangelho eu vinha sofrendo. Então me lembrei do Apóstolo Paulo. Quanta perseguição, quanta luta, quanto sofrimento. Mas também quanta alegria em meio aos sofrimentos. Foi quando discerni tudo o que Deus estava me dizendo. Entendi o motivo que fazia Paulo se alegrar nos sofrimentos. Paulo tinha a comunidade que orava por ele, e sempre que Paulo voltava de suas missões – onde sofria muito – ele tinha uma comunidade onde recuperava suas forças.

Quando abri os olhos e olhei para meus amigos e irmãos de fé que oravam por mim, entendi que é com eles que Deus restituirá minhas forças sempre que eu precisar. É na comunidade.

Paulo quando escreveu sua carta aos filipenses estava preso e corria risco de morte, além de estar longe de seus irmãos e amigos de comunidade. Paulo em vários momentos da carta fala de morte: “Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte”. (Fl 1,20).

O interessante é que Paulo na mesma carta enfatiza a alegria (Fl 1,3), a ação de graças (Fl 4,6) e ainda exorta a não criticar e nem reclamar de nada (Fl 2,14). Para que seja completada sua alegria ele pede:

“Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos”. (Fl 2,1-2).

Para Paulo é um privilégio sofrer pelo evangelho, e ele sofria com alegria. Paulo “pagou o preço”.

Não somente o apostolo se fortalecia e se alegrava em reencontrar a comunidade. Imagine como era quando Paulo depois de preso, de sofrer, chegava à comunidade.

“Assim, minha volta para junto de vós vos dará um novo motivo de alegria em Cristo Jesus”. (Fl 1,26).

Quando Paulo chegava os cristãos pulavam de alegria, e se motivavam mais ainda em evangelizar.

Não importa se estamos sendo perseguidos, caluniados, se sofremos. Nossa alegria depende de nossa relação com Deus. Se nossa relação estiver interrompida de alguma forma então não conseguiremos nos alegrar na perseguição.

É importante que em nossa relação com Deus não exista brecha, nada que pode ferir nossa intimidade deve estar entre nós e Deus.

Não importa quem nos persegue, se são da nossa família ou não, se são do mundo ou da igreja – que fere mais – o importante é que depois de toda perseguição Deus recupera nossas forças na comunidade.

Você pode estar passando por calúnias, Deus conhece seu coração. Alguém pode estar te difamando para as outras pessoas, Deus conhece seu coração. Seu líder pode não dar valor em seus projetos, Deus conhece seu coração e lhe dá valor. Seu padre pode não te levar a sério, Deus conhece seu coração e te leva muito a sério. Só Deus conhece realmente seu coração, por isso somente ele pode cuidar de você.

É na comunidade que Deus vai curar seu coração. Não pense que ficando em casa, remoendo toda calúnia, buscando um jeito de se vingar e se defender, vai lhe trazer forças. Pelo contrário, você só vai se ferir mais, e a mágoa será crescente dia após dia. Nunca se afaste da comunidade. Já diz um ditado popular: Quem não deve não teme.

Hoje com muita alegria faço parte da Paróquia Santa Luzia, coordeno um Grupo de Oração da RCC. É neste grupo – irmãos – que recupero minhas forças, que desabafo, que oro. Sinto um grande reconhecimento do Padre Silvio nos trabalhos realizados na comunidade, que me faz sentir muito mais vontade de servir a Deus no meu grupo, em minhas pregações, no movimento que Deus me chamou a ser na Igreja.

A Igreja nos envia em missão – temos o sacramento do batismo e da crisma – a Igreja cuidará das feridas que provavelmente receberemos anunciando Jesus para o mundo.

Vamos ser perseguidos, caluniados, difamados, mas como São Paulo retornando a comunidade seremos fortalecidos... Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte. Pois é na nossa fraqueza que Deus revela em nós sua grandeza.

Temos que ter consciência se nossa perseguição se dá porque estamos servindo a Deus e com frutos, e isso incomoda. Agora, se estamos sendo perseguidos por nosso erro ou desobediência, não adianta de nada nossa defesa, e sim aceitar a correção e nos converter.

Unidade e perdão são fundamentais para que o nosso relacionamento com Deus e com os irmãos nunca seja ferido, mesmo que na perseguição.

Estamos sendo perseguidos? Repito: É na comunidade que Deus recompõe nossas forças. Aleluia!

“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?
Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 8,35.39)


Celito Garcia
RCC – Votuporanga - SP

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