quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A PERPÉTUA VIRGINDADE DE MARIA (Aeiparthenos)

Pesquisado e compilado por Celito Garcia

Continuando nossa reflexão sobre os Dogmas Marianos, veremos agora a verdade de fé sobre a perpétua virgindade da Mãe de Deus.

O Dogma da Perpétua Virgindade se refere a que Maria foi Virgem antes, durante e perpetuamente depois do parto.

A Igreja tem constantemente manifestado a própria fé na virgindade perpétua de Maria. Os textos mais antigos, quando se referem à concepção de Jesus, chamam Maria simplesmente “Virgem”, deixando, contudo entender que consideravam essa qualidade como um fato permanente, referido à sua vida inteira. Os cristãos dos primeiros séculos expressaram essa convicção de fé mediante o termo grego aeiparthenos - “sempre virgem” - criado para qualificar de modo singular e eficaz a pessoa de Maria, e exprimir numa só palavra a fé da Igreja na sua virgindade perpétua. Encontramo-lo usado no segundo símbolo de fé de Santo Epifânio, no ano 374, em relação à Encarnação: o Filho de Deus “encarnou-Se, isto é, foi gerado de modo perfeito por Santa Maria, a sempre Virgem, por obra do Espírito Santo” (Ancoratus, 119,5; DS 44). A expressão “sempre Virgem” é retomada pelo II Concílio de Constantinopla (553), que afirma: o Verbo de Deus, “tendo-Se encarnado da santa gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, nasceu dela” (DS 422).

Esta doutrina é confirmada por outros dois Concílios Ecumênicos: o Lateranense IV (1215) (DS 801) e o Concílio de Lião (1274) (DS 852), e pelo texto da definição do dogma da assunção (1950) (DS 3903), no qual a virgindade perpétua de Maria é adotada entre os motivos da sua elevação, em corpo e alma, à glória celeste.

No ano 107, Inácio de Antioquia já descrevia a virgindade de Maria.

São Tomás de Aquino também ensinou esta doutrina (Summa theologiae III.28.2) que Maria deu o nascimento miraculoso sem abertura do útero, e sem prejuízo para o hímen. Esta doutrina já era um dogma desde o cristianismo primitivo, tendo sido declarada por notáveis escritores como São Justino Mártir e Orígenes. O Papa Paulo IV o reconfirmou no Cum quorundam de 7 de Agosto de 1555, no Concílio de Trento.

"Ela é a Virgem que conceberá e dará à luz um Filho cujo nome será Emanuel" (Cf. Is., 7, 14; Miq., 5, 2-3; Mt., 1, 22-23) (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 55 - Concílio Vaticano II).

O novo Catecismo da Igreja Católica:
"O aprofundamentamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria inclusive no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo "longe de diminuir consagrou a integridade virginal" de sua mãe. A liturgia da Igreja celebra a Maria como a 'Aeiparthenos' a 'sempre-virgem'." (499-catecismo da Igreja Católica).

A Tradição da Igreja Católica: (atenção nas datas)
"Filho de Deus pelo desejo e poder de Deus, nasceu verdadeiramente de uma Virgem" (S. Inácio de Antioquia, "Carta aos Magnésios", 110 d.C.).

"E novamente, como Isaías havia expressamente previsto que Ele nasceria de uma virgem, ele declarou o seguinte: 'Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e seu nome será chamado "Deus-conosco"'. A frase 'Eis que uma virgem conceberá' significa certamente que a virgem iria conceber ser ter relacionamento. Se ela tivesse relacionamento com qualquer um que fosse, ela não poderia ser virgem. Mas o poder de Deus, vindo sobre a Virgem, a encobriu, e a induziu a conceber, embora ainda permanecesse Virgem" (S. Justino Mártir, "Primeira Apologia", 148-155 d.C.).

"Se alguém disser que a Santa Maria não é a Mãe de Deus, ele está em divergência com Deus. Se alguém declarar que Cristo passou pela Virgem como se passasse por um canal, e que não se desenvolveu divina e humanamente nela - divina porque não houve a participação de um homem, e humanamente segundo a lei da gestação - tal pessoa é também herege" (S. Gregório de Nanzianzo, "Carta ao Sacerdote Cledônio", 382 d.C.).

"Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre" (Santo Agostinho, sermão, 186, 1: Pl 38, 999 ).

Principais reformadores protestantes:
Martinho Lutero (1483-1546):
''O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o auxílio de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem.
(Martinho Lutero, ''Artigos da Doutrina Cristã'')

Texto de Lutero já no fim de sua vida: "Virgem antes, no e depois do parto, que está grávida e dá à luz. Este artigo (da fé) é milagre divino." (Sermão Natal 1540: wa 49,182).

Por isto Lutero se insurgia contra aqueles que lhe atribuíam à doutrina de que "Maria, a Mãe de Deus, não tenha sido virgem antes e depois do parto, mas tenha gerado Cristo e outros filhos com contato com José" (Weimar, tomo 11, pg. 314). Os irmãos de Jesus, mencionados no Evangelho, são parentes do Senhor (Weimar, tomo 46, pg. 723; Tischreden 5, nº 5839). O reformador prometia 100 moedas de ouro a quem lhe provasse que a palavra "almah" em Is 7,14 não significa virgem ( Ed. Weimer, tomo 53, pg. 640 ).

João Calvino (1509-1564):
"Professo que da genealogia de Cristo não se pode deduzir que ele foi filho de Davi a não ser através da virgem." (Calvini Opera 2,351).

A respeito de Mat 1, 25: "Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que ele nasceu da virgem." (Calvini Opera 45,645).

Ülrico Zwínglio (1484-1531):
''Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após o parto, permaneceu virgem pura e íntegra. ''
(Zwinglio, em ''Corpus Reformatorum'')

John Wesley: (1703-1791):
''Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.''
(John Wesley, fundadador da Igreja Metodista, em carta dirigida a um católico em 18.07.1749)

A Biblia:
Maria virgem antes do parto:
"Maria, porém, disse ao anjo: como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?". (Lc 1, 34)

"Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a jovem concebeu e dará à luz um filho e pôr-lhe-á o nome de Emanuel". (Iz 7,14)

Maria virgem no parto:
"Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crêem em seu nome, ele, que não foi gerado nem do sangue, nem de uma vontade da carne, nem de uma vontade do homem, mas de Deus". (Jo 1,12-13)

"E ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura...". (Lc 2,7)

Maria virgem depois do parto:
"Seus Pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos, e não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, eles o encontraram no templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os". (Luc 2, 41-46)

"Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse a sua mãe: mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: eis a tua mãe! E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa". (Jo 19, 26-27)

Comentário: a palavra hebraica Almah significa a jovem na flor de seus anos, o que não dá alusão direta à virgindade, mas a tradição judaica entendeu almah, no sentido virgem. Os tradutores da bíblia, em Alexandria, para o grego, no século III a.C., usaram o termo Aieparthénos (virgem) em lugar de Almah. São Mateus em seu evangelho (Mat 1, 23) utilizou a profecia de Isaías em sua forma grega: Aieparthénos, ou virgem Maria, e seu filho Emanuel, Deus conosco. Assim a própria escritura explica a escritura.

Celito Garcia

RCC - Votuporanga - SP

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