Por D. Orani João Tempesta
Começamos a celebrar no Brasil mais um mês temático: o Mês da Bíblia. O despertar dessa comemoração entre as alterosas de Minas, há quase quatro décadas, hoje é um constante reavivamento e aprofundamento na fé, criando convicções sobre a missão de cada cristão à luz da Palavra. Ultimamente, a insistência tem sido a de nos alimentarmos da Lectio Divina ou Leitura Orante da Bíblia como modo de acolher no coração e na mente a Palavra que Deus que será transformada em vida e prática cristã na vida diária como testemunho evangélico.
Para este ano, a CNBB nos propõe a Epístola de São Paulo aos Filipenses para nossa meditação na celebração do Mês de Setembro. Com o tema “Alegria de servir no amor e na gratuidade”, e com o lema “Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fl 2,5), ainda sob os eflúvios do Ano Paulino, deixamo-nos guiar pelo Apóstolo dos gentios, daqueles que não conheceram a Luz.
A Carta aos Filipenses é muito específica para uma reflexão sobre nossa vida em comunidade. A essência de nossas comunidades, paróquias, casas religiosas em nada se difere dos primeiros grupos cristãos, dos primórdios da Igreja de Cristo: homens e mulheres, em torno da mesa do Sacrifício Perene, vivendo e compartilhando a sua vida e o que possuíam.
A orientação que São Paulo dirigia aos fiéis de Filipos, na Macedônia, é a mesma que ainda ecoa até nossos dias. No momento em que vivemos a pressão do consumismo, da vontade do ter sempre mais, distraindo-nos em nossa caminhada, prendendo-nos aos bens terrenos, banaliza nossa atitude a letra do Apóstolo: “Eu aprendi a me adaptar às necessidades; sei viver modestamente e sei também como me comportar na abundância. Estou acostumado com toda e qualquer situação” (Fl 14,11-13).
Consegue-se abandonar tudo, até de si mesmo, de suas pretensões, de seu orgulho, a partir do momento em que se ouve a mensagem do Cristo e se a vive. Assim Paulo o fez e incitava seus caros irmãos no amor de Deus a fazê-lo também, “pelo entranhado amor de Jesus Cristo” (Fl 1,18), que se deu até à morte pela nossa redenção.
Nas primeiras páginas desse livro bíblico, São Paulo testemunha a sua fé, pregando o Cristo, vivendo n’Ele: “Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,20-21).
O Documento de Aparecida clareia esta esperança iluminadora pela Palavra revelada: “A Igreja tem como missão própria e específica comunicar a vida de Jesus Cristo a todas as pessoas, anunciando a Palavra, administrando os sacramentos e praticando a caridade. É oportuno recordar que o amor se mostra mais nas obras do que nas palavras, e isto vale também para nossas palavras nesta V Conferência. Nem todo o que diz Senhor, Senhor... (cf. Mt 7,21). Os discípulos missionários de Jesus Cristo têm a tarefa prioritária de dar testemunho do amor de Deus e ao próximo com obras concretas. Dizia São Alberto Hurtado: “Em nossas obras, nosso povo sabe que compreendemos sua dor” (cf. DAp 386).
É esse mesmo anseio, da busca do amor que Cristo nos oferece pelo seu seguimento e pelo seu discipulado, que devemos alimentar a nossa vida. Unidos a Cristo, aprofundaremos na contemplação de sua divindade e outra coisa não desejaremos, senão viver unidos a Ele, “sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a palavra da vida” (Fl 2,15-16). Tudo isso porque “somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (Fl 3,20-21).
Este deve ser o nosso desejo, com a certeza de que, lutando contra as más inclinações de nossa natureza e buscando viver mais intimamente com o Senhor, estaremos mais unidos a Ele, e “Deus há de prover magnificamente a todas as vossas necessidades, segundo a sua glória, em Jesus Cristo” (Fl 4,19).
Começamos a celebrar no Brasil mais um mês temático: o Mês da Bíblia. O despertar dessa comemoração entre as alterosas de Minas, há quase quatro décadas, hoje é um constante reavivamento e aprofundamento na fé, criando convicções sobre a missão de cada cristão à luz da Palavra. Ultimamente, a insistência tem sido a de nos alimentarmos da Lectio Divina ou Leitura Orante da Bíblia como modo de acolher no coração e na mente a Palavra que Deus que será transformada em vida e prática cristã na vida diária como testemunho evangélico.
Para este ano, a CNBB nos propõe a Epístola de São Paulo aos Filipenses para nossa meditação na celebração do Mês de Setembro. Com o tema “Alegria de servir no amor e na gratuidade”, e com o lema “Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fl 2,5), ainda sob os eflúvios do Ano Paulino, deixamo-nos guiar pelo Apóstolo dos gentios, daqueles que não conheceram a Luz.
A Carta aos Filipenses é muito específica para uma reflexão sobre nossa vida em comunidade. A essência de nossas comunidades, paróquias, casas religiosas em nada se difere dos primeiros grupos cristãos, dos primórdios da Igreja de Cristo: homens e mulheres, em torno da mesa do Sacrifício Perene, vivendo e compartilhando a sua vida e o que possuíam.
A orientação que São Paulo dirigia aos fiéis de Filipos, na Macedônia, é a mesma que ainda ecoa até nossos dias. No momento em que vivemos a pressão do consumismo, da vontade do ter sempre mais, distraindo-nos em nossa caminhada, prendendo-nos aos bens terrenos, banaliza nossa atitude a letra do Apóstolo: “Eu aprendi a me adaptar às necessidades; sei viver modestamente e sei também como me comportar na abundância. Estou acostumado com toda e qualquer situação” (Fl 14,11-13).
Consegue-se abandonar tudo, até de si mesmo, de suas pretensões, de seu orgulho, a partir do momento em que se ouve a mensagem do Cristo e se a vive. Assim Paulo o fez e incitava seus caros irmãos no amor de Deus a fazê-lo também, “pelo entranhado amor de Jesus Cristo” (Fl 1,18), que se deu até à morte pela nossa redenção.
Nas primeiras páginas desse livro bíblico, São Paulo testemunha a sua fé, pregando o Cristo, vivendo n’Ele: “Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,20-21).
O Documento de Aparecida clareia esta esperança iluminadora pela Palavra revelada: “A Igreja tem como missão própria e específica comunicar a vida de Jesus Cristo a todas as pessoas, anunciando a Palavra, administrando os sacramentos e praticando a caridade. É oportuno recordar que o amor se mostra mais nas obras do que nas palavras, e isto vale também para nossas palavras nesta V Conferência. Nem todo o que diz Senhor, Senhor... (cf. Mt 7,21). Os discípulos missionários de Jesus Cristo têm a tarefa prioritária de dar testemunho do amor de Deus e ao próximo com obras concretas. Dizia São Alberto Hurtado: “Em nossas obras, nosso povo sabe que compreendemos sua dor” (cf. DAp 386).
É esse mesmo anseio, da busca do amor que Cristo nos oferece pelo seu seguimento e pelo seu discipulado, que devemos alimentar a nossa vida. Unidos a Cristo, aprofundaremos na contemplação de sua divindade e outra coisa não desejaremos, senão viver unidos a Ele, “sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a palavra da vida” (Fl 2,15-16). Tudo isso porque “somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (Fl 3,20-21).
Este deve ser o nosso desejo, com a certeza de que, lutando contra as más inclinações de nossa natureza e buscando viver mais intimamente com o Senhor, estaremos mais unidos a Ele, e “Deus há de prover magnificamente a todas as vossas necessidades, segundo a sua glória, em Jesus Cristo” (Fl 4,19).
D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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